Quinta-feira, 9 de Outubro, 2025

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Moçambique está em paz e retomou confiança no Governo um ano após as eleições

O secretário-geral da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), Chakil Aboobacar, afirma que um ano após as eleições gerais, e a violência que se seguiu, o país está pacificado e a população retomou a confiança no Governo.

Moçambique está em paz e retomou confiança no Governo um ano após as eleições

“Há essa retoma de confiança da população em relação ao processo de governação. Portanto, nós acreditamos vivamente que se continuarmos nesse ritmo, nesse rumo, a estabilidade da paz, que nós almejamos, vai vingar”, diz Aboobacar, em entrevista à Lusa.

Nas eleições gerais de 09 de outubro de 2024, a Frelimo, no poder desde 1975, voltou a conquistar a maioria no parlamento, elegeu todos os governadores de província e viu o seu candidato, Daniel Chapo, ser eleito o quinto Presidente da República de Moçambique.

Seguiram-se cerca de cinco meses de contestação nas ruas, protestos convocados pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, que nunca reconheceu a derrota, os quais marcaram o país, desde logo com um registo de quase 400 mortos, entre manifestantes e polícias, bem como paralisações, barricadas nas ruas, saque e destruição de empresas e instituições públicas.

Para o secretário-geral da Frelimo, a paz é agora um caminho sem retorno em Moçambique: “Sem dúvida. A paz é fundamental para tudo o que nós vamos fazer. Durante o percurso da ‘Chama da Unidade Nacional’ [no âmbito dos 50 anos da independência], durante as nossas visitas às províncias, a principal mensagem que recebemos dos moçambicanos é que queremos a paz. E a paz é fundamental para tudo, para o nosso desenvolvimento”.

A Frelimo tem vindo a realizar ações de massas em vários pontos do país, retomando o contacto com a população após o período de agitação pós-eleitoral e Chakil Aboobacar afirma que ter encontrado no terreno estabilidade e pacificação.

“Já visitámos nove províncias e o sentimento com que ficámos depois daquelas manifestações violentas e ilegais é que o país está estável, as pessoas voltam a acreditar na paz, voltam a estar concentradas no processo de desenvolvimento do país, que é o mais importante”, considera, assumindo ainda: “O país está bem, o país está em paz”.

Ainda assim, os meses de violência pós-eleitoral não podem ser esquecidos e devem servir de lição, assume ainda o secretário-geral da Frelimo.

“Bom, a principal, a mais importante, é que a violência gera violência. Não é e nunca deve ser o caminho a ser seguido pelos moçambicanos para resolver as suas diferenças. É sempre importante manter o diálogo, mesmo em momentos de alta tensão, priorizar o diálogo como a ferramenta fundamental para encontrarmos consensos”, aponta.

“O grande apelo é esse, é que os moçambicanos, como já é prática, tomem o diálogo como a fonte de inspiração para que se resolvam os seus problemas”, conclui Aboobacar.

O Conselho Constitucional proclamou em 23 de dezembro, dois meses e meio após a votação, Daniel Chapo como vencedor da eleição presidencial, com 65,17% dos votos nas eleições gerais de 09 de outubro, seguindo-se Venâncio Mondlane, com 24%, mas que nunca reconheceu os resultados.

A plataforma eleitoral Decide, organização da sociedade civil que monitoriza os processos eleitorais avançou em abril que pelo menos 388 pessoas foram mortas e mais de 800 baleadas em cerca de cinco meses de protestos pós-eleitorais, 90% dos quais “foram causados por disparos com recurso a balas reais”.

Daniel Chapo e Venâncio Mondlane reuniram-se em Maputo, pela primeira vez desde as eleições, em 23 de março, e no dia seguinte o ex-candidato presidencial apelou ao cessar da violência, não se tendo registado casos de agitação social associados à contestação eleitoral desde então.

Lusa

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