Quarta-feira, 18 de Junho, 2025

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Irão promete prosseguir com programa nuclear apesar de bombardeamentos israelitas

As autoridades iranianas garantiram esta sexta-feira, 13 de Junho de 2025, que o país irá manter o seu programa nuclear, não obstante os recentes ataques aéreos israelitas contra várias infra-estruturas militares e nucleares localizadas em Isfahan, no centro do país.

A informação foi avançada pela agência Reuters, que cita declarações do actual ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão, Abbas Araghchi, para quem os bombardeamentos constituem “uma violação inaceitável da soberania nacional” e “um acto de agressão que não ficará sem resposta”. O chefe da diplomacia iraniana assegurou ainda que “nenhuma pressão externa fará o Irão abdicar do seu direito soberano de desenvolver tecnologia nuclear para fins pacíficos”.

Segundo a mesma fonte, Araghchi apelou à intervenção urgente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, advertindo para o risco de “uma guerra total” no Médio Oriente caso os ataques se repitam ou se agravem. “Israel ultrapassou todas as linhas vermelhas ao atingir instalações nucleares civis. O mundo deve reagir antes que a situação se torne irreversível”, afirmou.

Apesar dos bombardeamentos, a Organização de Energia Atómica do Irão garantiu que as principais infra-estruturas nucleares do país continuam “seguras” e “plenamente operacionais”, referindo que os danos registados nas instalações de Isfahan e Natanz foram “mínimos e superficiais”, não comprometendo o programa nuclear em curso.

A Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) já manifestou “profunda preocupação” com os desenvolvimentos no terreno, alertando para o risco de um desastre nuclear caso ocorra uma escalada militar envolvendo activos nucleares. O director-geral da AIEA, Rafael Grossi, solicitou acesso imediato às instalações afectadas para verificar o seu estado de segurança.

Risco de escalada regional

O ataque israelita, designado pelas Forças de Defesa de Israel como “Operação Leão Ascendente”, visou centros de comando, fábricas de mísseis e unidades nucleares iranianas, e resultou na morte de várias figuras de topo da hierarquia militar do Irão, incluindo os generais Hossein Salami e Mohammad Bagheri, bem como de proeminentes cientistas nucleares.

Em resposta, Teerão lançou mais de uma centena de drones contra alvos militares e estratégicos em território israelita, num acto de retaliação que aumentou o receio de um conflito armado prolongado no Médio Oriente, com possível envolvimento directo dos Estados Unidos.

Impacto diplomático

O Irão reiterou o seu apelo ao Conselho de Segurança da ONU, com o apoio expresso da Rússia e da China, exigindo a condenação formal dos ataques israelitas. Por seu lado, Israel defende que as operações visaram travar o que considera ser o avanço do programa nuclear iraniano com objectivos militares, alegações rejeitadas categoricamente por Teerão.

Observadores internacionais alertam que uma guerra aberta entre o Irão e Israel, com eventual participação dos Estados Unidos, poderá ter consequências catastróficas para a estabilidade regional, para os mercados internacionais de energia e para a segurança global.

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