O hipermercado Jumbo, uma das mais antigas e emblemáticas superfícies comerciais de Angola, anunciou o encerramento temporário das suas actividades, quase 52 anos após a sua fundação. A decisão, comunicada pela comissão executiva da empresa, prevê uma profunda reestruturação do negócio e implica a suspensão dos contratos com dezenas de trabalhadores.

Fundado em 1973, o Jumbo foi o primeiro hipermercado do país, tornando-se uma referência no sector do comércio a retalho. Contudo, nas últimas décadas, enfrentou uma acentuada perda de competitividade, dificuldades financeiras, escassez de produtos e críticas à gestão, apontada por muitos como desajustada face às exigências do mercado.
Segundo declarações anteriores do presidente da comissão executiva, Assunção Barros, a continuidade do hipermercado dependia de uma injeção financeira de cerca de 20 milhões de dólares para assegurar o funcionamento e requalificação das infraestruturas. Embora a assembleia-geral de accionistas, realizada em 2023, tenha aprovado a continuidade das operações, os recursos nunca chegaram a ser mobilizados, agravando a situação financeira da empresa.
Nos últimos meses, os sinais do declínio tornaram-se evidentes para clientes e funcionários: prateleiras vazias, oferta limitada de produtos, queda acentuada no movimento comercial e ausência de respostas por parte da direcção. Estima-se que as dívidas acumuladas ultrapassem os 50 milhões de dólares.
O encerramento envolve ainda a rescisão dos contratos de trabalho, processo que será conduzido ao abrigo do regime legal do despedimento colectivo, conforme estabelecido na Lei Geral do Trabalho.
A medida, segundo nota da comissão executiva citada pela Angop, “visa criar as condições necessárias para a reestruturação e modernização da marca, com vista à sua retoma futura num novo formato, mais competitivo, eficiente e ajustado às exigências do mercado angolano”.
A nível social, o encerramento temporário do Jumbo simboliza também os desafios enfrentados por empresas históricas angolanas: a dificuldade de se adaptar às novas dinâmicas de consumo, à concorrência estrangeira e à urgência de modernização para garantir a sustentabilidade no mercado actual.