O Governo Provincial de Benguela declarou guerra à defecação ao ar livre, prática que tem contribuído para o surgimento de surtos de cólera em várias comunidades da província. A situação preocupa as autoridades locais, que estão a implementar medidas urgentes para travar a propagação da doença.

O governador Manuel Nunes Júnior anunciou um plano de intervenção que inclui acções de sensibilização comunitária, bem como o apoio institucional e logístico para a construção de casas de banho e latrinas comunitárias em zonas mais vulneráveis.
“Não podemos combater a cólera com medicamentos apenas. É fundamental mudar hábitos e garantir estruturas sanitárias mínimas para a população”, afirmou o governador, sublinhando que o problema da defecação ao ar livre é um dos principais obstáculos à erradicação da cólera em Benguela.
A Direcção Provincial do Ambiente lidera acções de educação sanitária porta a porta, incentivando famílias a adoptarem práticas de higiene básicas. Em paralelo, continuam as campanhas de limpeza pública, desinfecção de pontos de água e promoção do uso de água potável, numa tentativa de melhorar a saúde pública e prevenir novos surtos.
Benguela é a segunda província mais afetada depois de Luanda. Nas últimas 24 horas, foram registados mais 246 novos casos de cólera nas províncias de Benguela (71), Cuanza-Sul (42), Luanda (39), Namibe (24), Huíla (22), Malanje (12), Cuanza-Norte (10), Icolo e Bengo (5), Zaire e Cubango (3).
Desde o início do surto, em Janeiro deste ano, Angola registou um total cumulativo de 18.420 casos de cólera, distribuídos por várias províncias: Luanda com 6.048 casos, Benguela com 4.037, Bengo com 2.981, Cuanza Norte com 1.948, Icolo e Bengo com 1.112, Malanje com 927, Cuanza Sul com 581, Namibe com 293, Cabinda com 161, Huíla com 144, Zaire com 98, Huambo com 40, Cubango com 30, Uíge com 16, Bié com 2, e Cunene e Lunda-Sul, com 1 caso cada.
Em relação à mortalidade, 586 pessoas perderam a vida devido à cólera: Luanda regista o maior número de óbitos com 202, seguida do Bengo com 118, Benguela com 101, Cuanza Norte com 65, Icolo e Bengo com 30, Malanje com 27, Cuanza Sul com 26, Zaire com 8, Cabinda com 3, Huíla com 3, Namibe 2 e Huambo com 1.
As autoridades apelam à colaboração da população e reforçam que o combate à cólera depende da consciência colectiva e da adopção de hábitos saudáveis. A erradicação da defecação ao ar livre é agora uma prioridade estratégica para reduzir o impacto da epidemia.