Sexta-feira, 18 de Abril, 2025

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Seis altos responsáveis da FLEC-FAC juntam-se ao processo de paz promovido pelo Governo angolano

Seis altos responsáveis da Frente de Libertação do Estado de Cabinda – Forças Armadas de Cabinda (FLEC-FAC) decidiram abandonar a luta armada e integrar o processo de paz e reconciliação nacional promovido pelo Governo de Angola, marcando um passo significativo rumo à estabilidade na província de Cabinda.

Entre os dissidentes encontram-se figuras de peso na estrutura militar do movimento, nomeadamente Martins Chincoco (chefe do Estado-Maior Adjunto), Zing Zang (chefe da Segurança), João Maria Xerife (comandante da Região Militar do Mkutu), António Gabriel (secretário da Frente Norte), Alberto Paquita (chefe adjunto da Segurança) e Francisco Candoli (comandante da 4ª Região Militar da Frente Sul).

Os ex-combatentes afirmam que já não se reveem na liderança de Immanuel Nzita e Jean-Claude, acusando-os de prometerem melhorias que nunca se concretizaram. Denunciam a falta de condições de vida nas matas, ausência de alimentação e medicamentos, inexistência de salários e utilização de armamento obsoleto.

“Estamos aqui porque já não aguentamos mais o sofrimento. Trabalhámos muitos anos nas matas, com promessas de ajuda que nunca chegaram. As nossas famílias estão abandonadas, sem sustento, e nós próprios adoecemos e temos de fugir dos hospitais sem conseguir pagar o tratamento”, lamentou um dos dissidentes.

Segundo afirmaram, a decisão de abandonar o movimento foi tomada de forma voluntária e motivada pelo desejo de regressar a uma vida digna. Ao chegarem a Luanda, foram recebidos pelo Governo e agora dizem estar a viver em melhores condições. “Sentimo-nos finalmente acolhidos. A nossa integração está a correr bem e queremos trabalhar para ajudar as nossas famílias”, disseram.

Durante a conferência de imprensa, os dissidentes fizeram um apelo direto aos combatentes que permanecem nas matas, sobretudo nas regiões do Maiombo e do sul de Cabinda, para que abandonem a violência e regressem à vida civil.

“Já não queremos mais ver sangue a ser derramado. O nosso desejo agora é a paz e o regresso à nossa terra para reconstruirmos as nossas vidas. Estamos prontos para ajudar outros a seguirem o mesmo caminho”, afirmaram.

Revelaram ainda que, atualmente, as forças da FLEC-FAC se encontram fragilizadas, desorganizadas e sem capacidade operacional efetiva, o que indicia um enfraquecimento da estrutura armada do movimento.

O Governo de Angola tem reiterado a sua abertura ao diálogo e ao acolhimento dos ex-combatentes, como parte de um esforço contínuo para consolidar a paz, reforçar a unidade nacional e promover o desenvolvimento sustentável do país.

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