Intensificam-se os combates no Sudão, com o Exército a lançar uma grande ofensiva contra as forças paramilitares, que controlam grande parte da capital, Cartum. Testemunhas e fontes militares relatam bombardeamentos e fogo de artilharia intensos na cidade, noticiou a AFP.
Nas vésperas destes confrontos, o secretário-geral da ONU, António Guterres, manifestou profunda preocupação com a escalada do conflito, que opõe o Exército, liderado pelo general Abdel Fatah al Burhan, às Forças de Apoio Rápido (FAR), lideradas pelo general Mohamed Hamdan Daglo, desde abril de 2023.
Em Cartum, os confrontos começaram de madrugada, numa aparente tentativa do Exército de retomar partes da capital controladas pelas milícias. Uma fonte militar revelou que as forças governamentais cruzaram duas pontes importantes sobre o Nilo, separando as áreas controladas por cada um dos lados.
Desde o início da guerra, as FAR expulsaram o Exército de grande parte da cidade. No entanto, após uma ofensiva em fevereiro, o Exército recuperou parte de Omdurman, cidade adjacente à capital.
Moradores de Omdurman relatam intensos disparos de artilharia que atingiram edifícios residenciais. Ambos os lados têm sido acusados de crimes de guerra, atacando civis e bloqueando a ajuda humanitária.
A comunidade internacional, incluindo os Estados Unidos, a União Europeia e a França, apelou a um cessar-fogo imediato e manifestou preocupação com a interferência estrangeira, nomeadamente as acusações de que os Emirados Árabes Unidos fornecem armas às FAR.
A guerra causou dezenas de milhares de mortos e deslocou milhões de pessoas, constituindo uma das piores crises humanitárias dos últimos tempos.
Esta nova escalada nos combates agrava ainda mais a situação humanitária no Sudão e dificulta as perspectivas de uma solução negociada para o conflito.