O ministro do Interior de Moçambique disse hoje que os grupos que protagonizam ataques armados no norte do país usam uniforme do exército moçambicano e recorrem a “drones” para o reconhecimento dos seus alvos, mas estão a “perder terreno”.
“Os terroristas envergam uniforme das Forças Armadas de Defesa de Moçambique e usam ‘drones’ para o reconhecimento”, afirmou Amade Miquidade.
Miquidade descreveu a atuação dos grupos armados que realizam incursões na província de Cabo Delgado, norte do país, quando respondia no parlamento a perguntas dos deputados da Assembleia da República (AR), sobre estratégias para o fim da violência naquela província do norte de Moçambique.
Na sua ação, prosseguiu, os grupos usam a população civil como “escudos humanos”.
Amade Miquidade avançou que os grupos adotam táticas de guerrilha, organizando-se em pequenas formações para protagonizarem ataques a alvos das populações e das Forças de Defesa e Segurança (FDS).
“Ainda como ‘modus operandi’ aliciam algumas lideranças locais e religiosas, usam locais de culto para concentração e perpetração de ataques e inserem-se na comunidade constituindo famílias que lhes dão guarida social, sob coação”, acrescentou.
Amade Miquidade assegurou que as FDS estão a ganhar terreno na luta contra os grupos armados em Cabo Delgado, colocando-os em fuga para zonas mais distantes das comunidades.
“O inimigo está em fuga, em permanente movimento, em busca de refúgios seguros, mas nós estamos no seu encalço, principalmente em zonas remotas dos distritos de Quissanga e Mocímboa da Praia”, sublinhou Amade Miquidade.
As FDS, prosseguiu, apostam no corte das linhas de abastecimento logístico e militar dos grupos armados, para impedir o fornecimento de armas, alimentos, transporte e comunicações.
Por outro lado, o Governo está empenhado em barrar o recrutamento de jovens pelos referidos grupos, assegurou o ministro do Interior.
Amade Miquidade assinalou ainda que a violência armada em Cabo Delgado não deve impedir o prosseguimento de ações de desenvolvimento económico e social na província.
Miquidade frisou que a violência no norte do país tem impacto na África Austral, sendo por isso que o órgão de política, defesa e segurança da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) manifestou este mês solidariedade com o direito de defesa de Moçambique contra as ações de grupos armados.
O ministro do Interior não indicou a origem do uniforme militar usado pelos grupos armados nem dos drones.
Cabo Delgado, região onde avançam megaprojetos para a extração de gás natural, vê-se a braços com ataques de grupos armados classificados como uma ameaça terrorista desde outubro de 2017 e as autoridades moçambicanas contabilizam um total de 162 mil pessoas afetadas pela violência armada.
A violência já matou, pelo menos, 550 pessoas desde 2017.
Em relação à violência armada no centro do país, Amade Miquidade voltou a acusar a autointitulada Junta Militar da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido de oposição, pelos ataques na região, garantido que as FDS estão empenhadas no combate ao grupo.
No centro do país, desde agosto de 2019, incursões armadas atribuídas a uma dissidência da guerrilha da Renamo, principal partido da oposição, têm visado forças de segurança e civis em aldeias e nalguns troços de estrada da região, tendo causado mais de 20 mortos e vários feridos, além da destruição de veículos e outras infraestruturas.