Sábado, 27 de Julho, 2024

O drama dos dez órfãos: pai e filhos passam ao cuidado do Estado

A ministra da Acção Social, Família e Promoção da Mulher, Faustina de Almeida Alves, esclareceu hoje, em Luanda, a situação dos dez filhos que perderam a mãe no município de Talatona.

Em declarações à imprensa, a governante disse que a  família, entre eles o pai e sete filhos, encontra-se num centro de acolhimento provisório do Instituto Nacional da Criança (INAC), em Luanda.

Adiantou ainda que os bebés gémeos e a irmã mais velha estão sob cuidados médicos no Hospital Municipal do Talatona.

“Já visitamos a família e constatamos que estão bem, contudo estamos a prestar um apoio psicológico ao pai, porque não é fácil estar desempregado e ter um agregado de dez filhos” – disse.

Em entrevista ao Jornal de Angola, o director-geral do INAC, Paulo Kalesi, assegurou que a instituição que representa tudo fará para manter a estrutura familiar e inserir na vida produtiva o progenitor que se mostrou incapaz de cuidar dos filhos.

“A nossa missão é garantir que a família se mantenha unida, acautelar a assistência médica aos recém-nascidos, prestar todo o apoio necessário aos restantes membros e salvaguardar os direitos básicos da criança”, disse Paulo Kalesi.

Salientou que a lei prevê que na ausência de um dos progenitores, o sobrevivente tem o dever e missão de cuidar dos filhos, “mas tendo em conta o estado de vulnerabilidade da família e a condição de desempregado do chefe da família, será inserido num dos projectos de apoio social e em colaboração com a Administração Municipal do Talatona prestar todo o apoio àqueles”.

Paulo Kalesi garantiu ainda que as crianças da mesma família que não estudam, serão inseridas numa escola e as que ainda não têm documentos de identificação, serão registadas.

“Vamos trabalhar em parceria com a Administração Municipal do Talatona, para encontrar um lugar adequado onde a família possa viver, garantindo as condições mínimas de habitabilidade”, disse o director-geral do INAC.

Morte da mãe

De acordo com Jornal de Angola, no dia 13 de maio, “sem ajuda, Luísa Santareino, então residente no bairro do Benfica, município de Talatona, em Luanda, numa casa de chapas, situada num terreno em litígio, deu à luz aos gémeos, Rosa e José, às duas horas da madrugada, tendo depois tido complicações pós-parto, que requeriam uma assistência médica a altura”.

“Ernesto Amando, o esposo, rapidamente saiu de casa àquela hora da madrugada em busca de ajuda para a parturiente e para os recém-nascidos, mas não foi bem sucedido, porque o vizinho utente de uma viatura, a quem bateu a porta, alegou que era muito cedo para levantar da cama” escreve o diário.

“Diante da recusa do vizinho, a alternativa foi apelar à solidariedade de um moto-taxista, “Kupapata”, de três rodas, que prontamente anuiu transportar os gémeos, a Luísa e o esposo para a maternidade. O esforço foi inglório. A parturiente perdeu a vida durante o percurso, deixando Armando, os recém-nascidos e os oito outros filhos entregues a própria sorte” escreve o jornal

Dados apurados revelam que o pai, Ernesto Armando, não trabalha e que o sustento da família era garantido pela falecida, que vendia quissângua num dos mercados do Benfica.

A filha mais velha de 21 anos, Juliana Armando, também não trabalho e segundo o Jornal de Angola, estuda a 10ª classe e de quando em vez ajudava a mãe com a venda da quissângua.

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