Diversos especialistas angolanos manifestaram cepticismo quanto à decisão do governo angolano de usar metade dos 150 milhões de dólares que ganhou com a concessão do Terminal do Porto de Luanda, para recapitalizar a companhia aérea nacional TAAG.
O especialista em finanças públicas Eduardo Nkossi explica os motivos do seu cepticismo.
“A TAAG registou em 2019 um prejuízo de 279 milhões de USD e cerca de 372 milhões de dólares em 2020. A empresa está praticamente numa situação de insolvência, só para se ter uma ideia, há determinado tipo de avião da TAAG a custar 134 milhões de USD, outro modelo custa quase quatrocentos milhões de USD, como é que um valor de 75 milhões de USD que o governo quer alocar, vão servir?”, interrogou.
“Se a empresa já tem um déficit de mais de trezentos milhões de USD, não vejo serventia deste valor na TAAG”, acrescentou Nkossi para quem “o problema da TAAG é praticamente o problema do país, a maneira que o país é gerido, a maneira que as empresas públicas são geridas merece estudo”.
“O que a TAAG deve fazer no meu ponto de vista é recorrer a um sistema de leasing, que é um sistema de aluguer, a empresa devia ser refeita e dar lugar a uma empresa mista, uma parte do capital público, e outra de capital privado mas deve ser remodelado o sistema de gestão”, acrescentou
O especialista em gestão de políticas públicas David Kissadila diz ser extemporânea esta medida do governo afirmando que quem “deve decidir sobre o destino deste valor que é do estado tem que ser o governo que sair das eleições de 24 de Agosto, mas penso que é uma medida que não será exequível nem funcional”
Sobre este aspecto, o economista Carlos Padre tem opinião diferente afirmando não acreditar que “isto tenha caído assim do céu, acho que já está dentro de um recebimento previsto”, Muitas destas empresas estão sem liquidez há anos, acredito que esta tarefa vem neste âmbito, alocar estas verbas para acudir esta situação que as empresas do sector empresarial público atravessam”, disse.
Contudo, o especialista pensa que já não é a forma mais acertada para resolver o problema.
“As empresas do sector público em Angola já mostraram que em termos de gestão têm sido muito deficitárias, eu particularmente apostaria mais no sector privado e não estar a esbanjar dinheiro no sector empresarial público”, disse.
“O próprio executivo tem esta noção mas só que a diferença tem estado entre o falar e o fazer”, acrescentou.
VOA