Um total de 8.121 reservas de turismo foram canceladas em duas províncias moçambicanas e cerca de 200 milhões de meticais (2,9 milhões de euros) foram perdidos face às manifestações pós-eleitorais, anunciaram hoje diferentes fontes.
“Houve registo de cancelamentos de cerca de oito mil reservas que haviam sido feitas até 30 de novembro. Estamos a dizer que as estâncias turísticas de alojamento registaram prejuízos enormes por conta deste cancelamento. Foram prejuízos enormes cuja cifra ascende aos cerca de 200 milhões de meticais”, disse Lugero Gemo, diretor provincial da Cultura e Turismo em Maputo, citado hoje pela Televisão de Moçambique.
Segundo o responsável, as manifestações, convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, obrigaram também ao cancelamento de alguns festivais em Maputo, estando, no momento, o setor a tentar “reinventar-se”.
“Acreditamos que nos próximos dias voltaremos a ter aquele movimento que habitualmente temos estado a assistir a nível da província”, referiu Gemo.
Em Inhambane, também no sul de Moçambique, pelo menos 121 reservas foram canceladas até sábado, segundo o diretor provincial da cultura e turismo.
“Esse número não cobre todos os empreendimentos turísticos que temos ao longo dos 700 quilómetros da linha da costa. Há empreendimentos que não reportaram situações de cancelamento, então pode ser muito mais do que esse número”, disse Emídio Nhantumbo, garantindo que a província de Inhambane está segura.
“A nossa província está segura, mas depende de outras fronteiras para o turista chegar aqui (…) e às vezes há alguns entraves para o turista poder se movimentar ao longo da estrada”, referiu o responsável.
O candidato presidencial Venâncio Mondlane nega a vitória de Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), que venceu as eleições de 09 de outubro com 70,67% dos votos, segundo os resultados anunciados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE).
De acordo com os dados da CNE, Mondlane ficou em segundo lugar, com 20,32%, mas este afirmou não reconhecer os resultados, que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional, que não tem prazos para esse efeito e ainda está a analisar o contencioso.
Após protestos nas ruas que paralisaram o país nos dias 21, 24 e 25 de outubro, Mondlane convocou novamente a população para uma paralisação geral de sete dias, desde 31 de outubro, com protestos nacionais e uma manifestação concentrada em Maputo na quinta-feira, 07 de novembro, que provocou o caos na capital, com diversas barricadas, pneus em chamas e disparos de tiros e gás lacrimogéneo pela polícia, durante todo o dia, para dispersar.
Venâncio Mondlane anunciou que as manifestações de protesto são para manter até que seja reposta a verdade eleitoral.
Lusa