A ministra das Finanças, Vera Daves de Sousa, alertou que os salários da função pública deste mês poderão voltar a atrasar.
A governante que falava à imprensa, esta quarta-feira (14), a saída da reunião da Comissão Económica do Conselho de Ministros, garantiu que o risco do cenário verificado no mês julho voltar a acontecer é muito alto por causa da pressão exercida pelo serviço da dívida.
“Existe esse risco, sendo totalmente honesta. Existe esse risco porque está relacionado com a pressão do serviço da dívida e com os timings da entrada da receita, mas tudo estamos a fazer para que o risco seja sempre minimizado e mitigado porque temos consciência dos constrangimentos que isso causa às famílias angolanas” realçou a ministra.
A ministra disse que o governo ainda não tem uma almofada financeira para preencher o desfasamento entre o momento da entrada das receitas na Conta Única do Tesouro e as datas associadas ao cumprimento dos compromissos financeiros.
“Se nós estivéssemos numa situação financeira que tivéssemos já conseguido constituir uma boa almofada, para minimizar este timing, os cidadãos quase que não sentiriam, mas porque a pressão do serviço da dívida que nalguns meses é maior que noutros, não nos têm sido possível constituir essa almofada”, esclareceu a ministra.
Vera Daves continuou dizendo que “sempre que entra receita, essa receita é automaticamente consumida pelo serviço da dívida, a maior parte dela é titulada, de modo que o sistema automaticamente debita a nossa conta e a medida que nova receita vai entrando nós vamos seguindo com o processo de pagamento”.
“O reinvestimento ou não reinvestimento versus o tempo que vai levar a entrada das receitas fiscais do mês em referência faz com que muita das vezes o processo de RAAP até a date de 30, 31 não tenhamos os recursos necessários para honrar com aquela que é a folha salarial”, explicou.
A ministra das Finanças disse que o Executivo tem uma folha salarial de aproximadamente 300 mil milhões de kwanzas e que está a tomar cautelas ponderando novas admissões e também assunção de novas dívidas para não sobrecarregar as famílias.
Vera Daves garantiu que o governo tudo está a fazer para assegurar para que essa situação não venha a acontecer.