Sexta-feira, 27 de Junho, 2025

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Putin defende possibilidade de acordo entre Israel e Irão e propõe mediação russa

O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, declarou esta quinta-feira, 19 de Junho, em São Petersburgo, que acredita ser possível alcançar um acordo para pôr fim ao recente surto de violência entre Israel e Irão, apesar da escalada dos confrontos e das tensões crescentes na região do Médio Oriente. O líder russo reiterou ainda a disponibilidade de Moscovo para mediar o diálogo entre os dois países.

“É uma questão delicada e, obviamente, devemos ser muito prudentes neste ponto, mas, na minha opinião, é possível encontrar uma solução”, afirmou Putin durante uma conferência de imprensa com jornalistas estrangeiros. O chefe de Estado russo defendeu que o conflito não é inevitável e que há espaço para negociações, sublinhando o papel potencial da Rússia como mediadora.

A proposta russa de intermediação já havia sido avançada na sequência do ataque surpresa levado a cabo por Israel contra alvos iranianos na passada sexta-feira. Moscovo voltou a oferecer os seus serviços como facilitador de diálogo na quarta-feira, mas a sugestão foi rejeitada tanto pela União Europeia como pelos Estados Unidos, que consideram a Rússia “incapaz de desempenhar um papel de mediador imparcial”, especialmente no contexto da guerra na Ucrânia.

Questionado sobre uma eventual reacção russa em caso de um ataque directo a figuras de topo do regime iraniano, nomeadamente ao líder supremo Ali Khamenei, Putin recusou-se a comentar: “Nem sequer quero falar de tal possibilidade. Não quero”, disse.

O líder do Kremlin também advertiu que os bombardeamentos israelitas estão, paradoxalmente, a reforçar o poder político em Teerão. “Vemos que hoje no Irão há uma consolidação da sociedade em torno dos dirigentes políticos do país”, observou.

As relações históricas entre a Rússia e Israel, marcadas por uma significativa comunidade judaica de origem russa em território israelita, sofreram algum desgaste nos últimos anos, sobretudo após a invasão russa da Ucrânia em 2022 e a guerra de Israel em Gaza, duramente criticada por Moscovo.

Em contrapartida, a Rússia tem estreitado os laços com o Irão, país acusado pelo Ocidente de fornecer drones e mísseis ao Kremlin para uso no conflito ucraniano. Putin revelou que cerca de 200 técnicos russos trabalham actualmente na central nuclear de Bushehr, no sul do Irão, construída pela estatal russa Rosatom, e garantiu que a segurança desses cidadãos foi assegurada em coordenação com o governo israelita.

O presidente russo admitiu ainda a intenção de continuar a cooperar com Teerão no programa nuclear civil iraniano, mas rejeitou qualquer solicitação de ajuda militar iraniana no confronto com Israel. “Os nossos amigos iranianos não nos pediram isso”, assegurou Putin.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, descartou publicamente a proposta de mediação russa, recomendando sarcasticamente que Moscovo resolvesse primeiro o seu próprio conflito com Kiev antes de se propor a resolver crises alheias.

A tensão entre Israel e Irão agravou-se nas últimas semanas, depois de ataques mútuos e da crescente presença de forças iranianas e seus aliados na Síria e no Líbano, o que preocupa Telavive e os seus aliados ocidentais.

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