O único sobrevivente da queda do Boeing 787-8 Dreamliner da Air India, que se despenhou na tarde de quinta-feira (12), na cidade de Ahmedabad, Índia, disse esta sexta-feira que não consegue explicar como escapou milagrosamente com vida. No total, 265 pessoas morreram no desastre, incluindo 242 ocupantes da aeronave e pelo menos 24 vítimas em solo.

Do leito do hospital onde se encontra internado, Ramesh, de 40 anos, natural de Leicester, no Reino Unido, relatou à emissora britânica DD News os momentos de terror que viveu dentro do avião: “Tudo aconteceu na minha frente e nem eu conseguia acreditar como consegui sair vivo de lá”.
O aparelho da Air India, que acabava de descolar rumo a Londres com os depósitos de combustível cheios, explodiu poucos minutos depois de ganhar altitude, transformando-se numa enorme bola de fogo ao embater numa zona residencial próxima do aeroporto.
“Um minuto após a decolagem senti que algo estava errado, como se o avião tivesse travado. De repente, as luzes verde e branca acenderam-se e a aeronave acelerou em direcção ao solo”, recordou Ramesh, emocionado. “Vi tudo com os meus próprios olhos. Pensei que ia morrer ali mesmo”.
Ramesh viajava no assento 11A e acredita que a posição em que se encontrava, perto do chão e junto a um espaço aberto, poderá ter sido decisiva para a sua sobrevivência. “Quando a porta se quebrou, vi um espaço e pensei que podia tentar escapar por ali”, contou.
Imagens divulgadas nas redes sociais mostram-no com a camisa ensanguentada e a mancar enquanto caminha para uma ambulância. “A minha mão esquerda ficou ligeiramente queimada pelo fogo, mas fui rapidamente socorrido e trazido para o hospital. Aqui estão a tratar-me bem”, disse.
A bordo do avião seguiam 169 cidadãos indianos, 53 britânicos, sete portugueses e um canadiano, além de uma tripulação de 12 elementos — todos falecidos no desastre.
No solo, pelo menos 24 pessoas perderam a vida quando o avião colidiu com casas e estabelecimentos comerciais. O número total de mortos foi confirmado pela polícia indiana como sendo 265.
Testemunhas no local descreveram o cenário como “um inferno”. Bharat Solanki, funcionário de um posto de combustível próximo, disse à AFP: “Havia corpos por toda parte. Conseguimos retirar cerca de 25 antes de a polícia nos mandar sair”.
A causa do acidente ainda está a ser investigada pelas autoridades indianas e por peritos internacionais da aviação civil. A Air India declarou estar a colaborar plenamente nas investigações e expressou “profunda dor” pelas vítimas.