O Presidente da República do Togo, Faure Essozimna Gnassingbé, foi proposto pela Mesa da Assembleia da União Africana como novo mediador no processo de paz entre a República Democrática do Congo (RDC) e a República do Ruanda, anunciou a organização continental este sábado, 5 de abril de 2025.

A proposta foi avançada durante a Primeira Reunião da Mesa da Assembleia da União Africana sobre a situação no leste da RDC, realizada em formato virtual e presidida por João Lourenço, Presidente da República de Angola e Presidente em exercício da União Africana. A sessão contou com a participação de líderes e representantes de alto nível de países como Gana, Mauritânia, Burundi, Tanzânia e Djibuti.
Segundo o comunicado oficial divulgado ao final do encontro, a reunião teve como principal ponto de agenda a nomeação de um novo mediador da União Africana, no contexto do agravamento do conflito entre Kinshasa e Kigali e do impacto humanitário alarmante sobre as populações civis na região oriental da RDC.
Durante a sessão de abertura, João Lourenço anunciou a sua decisão de renunciar ao papel de mediador no diferendo RDC-Ruanda, invocando o aumento das suas responsabilidades enquanto líder da organização continental. O estadista angolano destacou, contudo, a importância de garantir a continuidade do processo e propôs o Presidente togolês como sucessor nessa função.
A proposta foi bem acolhida pelos membros da Mesa da Assembleia, tendo sido endossada por consenso. João Lourenço adiantou que já havia mantido consultas preliminares com Faure Gnassingbé, que respondeu positivamente à indicação, condicionando-a à aprovação formal da Assembleia dos Chefes de Estado e de Governo da UA.
O Presidente da Comissão da União Africana, Mahmoud Ali Youssouf, elogiou a liderança de João Lourenço e sublinhou a necessidade de elaborar um roteiro claro e estruturado para orientar os próximos passos da mediação. Anunciou ainda que será iniciado o “procedimento de silêncio” – um mecanismo legal da União Africana – para confirmar oficialmente a nomeação de Gnassingbé.
A nomeação do Presidente togolês surge num momento delicado, em que os esforços para resolver o conflito no Leste da RDC exigem uma liderança renovada e capaz de manter o impulso político alcançado nas iniciativas conjuntas das organizações regionais, como a SADC e a EAC, e dos Processos de Luanda e Nairobi.
No final do encontro, os membros da Mesa reafirmaram o seu compromisso com uma solução pacífica e duradoura, apelando ao envolvimento construtivo de todas as partes, num espírito de solidariedade africana e pan-africanismo.