O Procurador-Geral da República, Hélder Pitta Grós, anunciou que, em breve, serão julgados vários cidadãos estrangeiros envolvidos em atividades ilegais de mineração de criptomoedas em Angola. A declaração foi feita nesta quinta-feira (6), quando falava à imprensa no final de uma palestra sobre “O Início da Luta de Libertação Nacional”, organizada pela PGR e surge num contexto de intensificação das ações das autoridades contra redes de cibercriminalidade que operam no país.
Nos últimos meses, o Serviço de Investigação Criminal (SIC) desmantelou diversas operações clandestinas de mineração de criptomoedas. Um dos casos mais significativos ocorreu na localidade da Kiminha, província de Icolo e Bengo, onde as autoridades descobriram um complexo com cinco naves industriais equipadas com tecnologia para mineração, incluindo uma subestação elétrica composta por 15 transformadores. Três cidadãos chineses foram detidos na operação.
Outro grande centro de mineração foi encontrado no município do Sequele, resultando na apreensão de mais de 2.600 processadores específicos para a atividade, avaliados em aproximadamente 3,7 milhões de dólares. Na operação, foram detidos nove indivíduos, sendo quatro cidadãos chineses e cinco angolanos.
O Procurador-Geral da República destacou os desafios enfrentados pelas autoridades na investigação deste tipo de crime, devido à falta de equipamentos e tecnologia adequados. “Isso requer também muito trabalho de perícia legal e nós, infelizmente, como pensávamos que o nosso país não tinha esse tipo de atividade, também não estávamos preparados em equipamentos, em tecnologia própria para podermos fazer essas investigações”, afirmou.
No entanto, Hélder Pitta Grós garantiu que o país já está a tomar medidas para colmatar estas lacunas. “Só agora é que estamos a trabalhar nesse sentido da aquisição desses equipamentos. Já temos magistrados formados nessas áreas, mas não tinham prática nenhuma, portanto agora que estão a trabalhar e a pôr a sua formação em prática”, acrescentou.
A mineração de criptomoedas é proibida em Angola, com penas que podem variar de três a 12 anos de prisão para os infratores. As autoridades angolanas têm reforçado o combate a esta prática ilegal, visando proteger a economia nacional e garantir a segurança cibernética do país.