A partir de hoje, a trégua em Gaza entra no seu segundo dia, após uma troca significativa de reféns. Israel libertou 90 prisioneiros palestinos, horas depois de o Hamas ter libertado três reféns israelenses, como parte de um frágil acordo de cessar-fogo, que ocorre após 15 meses de intensos confrontos na região.
Logo após a trégua entrar em vigor, os primeiros caminhões de ajuda humanitária começaram a chegar a Gaza, com 630 veículos entrando no território no primeiro dia de cessar-fogo, conforme relatado pela ONU.
Após 471 dias de cativeiro, as três reféns israelenses libertadas foram reunidas com suas famílias e estão agora hospitalizadas, em condições estáveis, segundo fontes médicas. Poucas horas depois, Israel libertou 90 palestinos da prisão militar de Ofer, na Cisjordânia ocupada, e de um centro de detenção em Jerusalém. Multidões celebraram o retorno dos libertados na cidade de Beitunia, na Cisjordânia.
“Somente Escombros”
Com a entrada da trégua, milhares de palestinos deslocados começaram a retornar a Gaza, na esperança de poder voltar para suas casas. O conflito forçou a maior parte dos 2,4 milhões de habitantes da região a deixar suas casas, que ficaram destruídas após mais de um ano de bombardeios e confrontos. “Não sobrou nada da nossa casa, apenas escombros, mas é o nosso lar”, disse uma palestina ao retornar a Jabaliya, no norte do território.
A trégua entrou em vigor na véspera do retorno de Donald Trump à Casa Branca, que tem pressionado Israel a concluir o acordo. O primeiro estágio do acordo prevê a libertação de cerca de 1.900 palestinos em troca de 33 reféns israelenses mantidos em Gaza.
Próxima Libertação no Sábado
As três reféns israelenses libertadas — Emily Damari (28 anos), Romi Gonen (24 anos) e Doron Steinbrecher (31 anos) — foram entregues à Cruz Vermelha em uma praça lotada na Cidade de Gaza, entre milicianos armados. O porta-voz do exército israelense afirmou que “três a quatro mulheres sequestradas” seriam libertadas a cada semana. Segundo um alto funcionário do Hamas, a próxima libertação ocorrerá no sábado.
O cessar-fogo levanta esperanças para uma paz duradoura na região governada pelo Hamas. No entanto, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, alertou que Israel mantém o direito de retomar a guerra se necessário. O braço armado do Hamas afirmou que a trégua depende do cumprimento dos compromissos por parte de Israel.
“Tarefa Complexa”
A primeira fase da trégua envolve negociações para a segunda fase, que deverá permitir a libertação dos últimos reféns. A terceira fase será dedicada à reconstrução de Gaza e à devolução dos corpos dos reféns que morreram no cativeiro.
A trégua também facilita a entrada de ajuda humanitária, com uma meta de 600 caminhões por dia, para um território que está sob cerco desde o início da guerra. A guerra devastou a infraestrutura de saúde de Gaza, e a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou que será necessário um “acesso sistemático” para atender às necessidades da população.
O ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023 matou 1.210 pessoas em Israel, a maioria civis. Até o momento, 91 reféns israelenses ainda estão detidos em Gaza, sendo que 34 delas são presumidas mortas. Em resposta ao ataque, Israel iniciou uma campanha aérea e terrestre que resultou na morte de pelo menos 46.913 pessoas em Gaza, a maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde administrado pelo Hamas, confiáveis para a ONU.
AFP