Figuras públicas portuguesas e angolanas defenderam num jantar-debate em Lisboa que Angola precisa de resolver o seu “calcanhar de Aquiles”, a educação, e de mais investimento estrangeiro produtivo.
O debate, que se realizou esta quinta-feira à noite e que se prolongou até ao início da madrugada, foi marcado por algum sentimento pessimista relativamente ao futuro a curto e médio prazo de Angola, face à conjuntura atual do país, mas no qual foram sublinhadas também as vantagens daquele Estado africano no contexto regional e as suas capacidades e recursos para ser “uma grande potência” no futuro.
Desde logo pelo facto de ser um país onde “não existem conflitos étnicos e religiosos”, um problema que afeta hoje boa parte dos Estados africanos.
Quanto aos recursos, os oradores sublinharam a importância de Angola ser o terceiro produtor de petróleo de África, a seguir à Nigéria e Líbia, mas também o facto de ser um país com capacidade para ser grande produtor e exportador de bens alimentares, num contexto mundial de conflitos que afetam a produção de alimentos.
O jantar-debate, que decorreu num hotel de Lisboa a propósito do 50.º aniversário da independência de Angola, que o país comemora a 11 de novembro de 2025, foi promovido pela Angola Research Network e o CEDESA, entidades que investigam e analisam questões políticas, económicas e sociais angolanas.
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Onofre dos Santos, juiz jubilado do Tribunal Constitucional de Angola, o vice-cônsul do país em Lisboa, Manuel Resende, o comentador e investigador Jaime Nogueira Pinto, o ex-membro de governos socialistas e ex-secretário geral da UCCLA (União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa) Vitor Ramalho, a vice-presidente da Câmara de Comércio e Indústria Portugal Angola (CCIPA), Maria José Melo, o ex-deputado social democrata Nuno Carvalho, empresários, advogados e responsáveis de empresas com ligações aos dois países foram alguns dos participantes no debate.
O que foi ali falado poderia ser publicado pelos jornalistas presentes, mas não atribuído, em particular, a qualquer um dos oradores.
Assim, um dos problemas focados por quase todos os oradores foi o da falta de formação de pessoas e a fraca aposta do Estado na educação, num país onde a larga maioria da população é jovem e onde a taxa de desemprego se situa acima de 30%, não havendo perspetivas de emprego para a juventude.
A “gravidade” da situação da educação para alguns dos intervenientes no debate começa no facto de muitas crianças em Angola não terem sequer acesso à escola.
Por tudo isto, Angola é, na perspetiva daqueles analistas, um país a precisar de investimento direto estrangeiro produtivo, ou seja, não só extrativo dos seus recursos. Mas um investimento transformador dos seus recursos em produtos finais para consumo interno e para exportação, desde logo para outros países africanos, além de gerador de emprego.
As celebrações do 50.º aniversário da independência daquele país, que se comemora a 11 de novembro de 2025, foram lançadas a 11 deste ano e prolongam-se até 31 de dezembro do próximo ano, sob o lema “Angola 50 anos: preservar e valorizar as conquistas alcançadas construindo um futuro melhor”.
As atividades comemorativas que se prolongam por um ano ocorrerão em território nacional mas também envolvem as representações diplomáticas e consulares angolanas espalhadas pelo mundo.
Mas o ponto alto as celebrações ocorrerá na capital angolana, Luanda, na Praça da República, ao lado do Memorial a António Agostinho Neto, o primeiro Presidente do país, considerado como uma figura crucial na luta pela independência de Angola.
Estas cerimónias a 11 de novembro de 2025 serão presididas pelo atual chefe de Estado, João Lourenço.
Lusa