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Líder da Renamo diz que partido tem aderido ao “panelaço” contra resultados

O presidente da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), Ossufo Momade, afirmou esta segunda-feira que o maior partido da oposição tem aderido às manifestações com panelas nas janelas, de contestação aos resultados das eleições gerais, convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane.

Líder da Renamo diz que partido tem aderido ao "panelaço" contra resultados

“A Renamo está a manifestar-se porque a Renamo é o povo (…) Tocamos panelas, essa é que é a manifestação. A Renamo não vai ao encontro daquelas manifestações violentas, aquilo que pode criar problemas para si e para os outros”, disse hoje Ossufo Momade, numa conferência de imprensa, em Maputo, em que exigiu a anulação das eleições gerais de 09 de outubro e um novo escrutínio, apontando diversas irregularidades no processo.

“Porque nós sabemos que manifestação é um direito que todos nós temos, mas não vamos permitir que a manifestação priva os direitos do irmão que está ali ao lado. Que aquele ali, o António, não possa ir trabalhar, que aquela ‘mamã’ que vende o seu tomate não vá ao mercado. Isto nós não concordamos, mas concordamos com uma manifestação pacífica, que vá ao encontro da Constituição da República”, acrescentou Ossufo Momade, que foi também um dos quatro candidatos presidenciais nas eleições de outubro.

O candidato presidencial Venâncio Mondlane, que também não reconhece os resultados das eleições anunciados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), pediu três dias de “panelaço” – que terminam hoje, entre as 21:00 e as 22:00 locais -, que se têm feito sentir em todo o país, a partir das varandas e janelas, mas que têm degenerado em novos focos de violência nas ruas.

No sábado, tal como no dia seguinte, os apitos começaram a ouvir-se ao início da noite e rapidamente sons de panelas e buzinas escutaram-se em todo o centro de Maputo, com alguns subúrbios a serem condicionados ao trânsito por manifestantes pró-Venâncio Mondlane.

Cerca das 21:30 locais (menos duas horas em Lisboa) de sábado era já praticamente impossível circular na Avenida Julius Nyerere próximo ao mercado do Xiquelene, quer pelas pedras de todas as dimensões colocadas na via ou pelos manifestantes que abordavam os automobilistas, conforme a Lusa constatou, com várias viaturas a tentarem inverter a marcha, enquanto outros manifestantes faziam barricadas, exigindo pagamento de quantias de 10 a 50 meticais (15 a 75 cêntimos de euro) para deixar passar os automobilistas.

Noutra zona próxima, na entrada do bairro da Maxaquene, pela Avenida Vladimir Lenine, o resultado do apelo feito pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane para um “panelaço” de contestação aos resultados eleitorais acontecia na rua e a artéria estava cortada ao trânsito, enquanto pneus ardiam na via.

“Se avançar, vão queimar o carro”, avisava um manifestante, de apito na boca, enquanto dezenas, de todas as idades, batiam panelas e tambores na rua, num clima de festa.

Em artérias centrais de Maputo, como as avenidas 24 de Julho, Eduardo Mondlane, Julius Nyerere, Joaquim Chissano ou Mao Tsé-Tung, entre outras, vuvuzelas, apitos e panelas a bater fizeram-se ouvir igualmente no fim de semana, sobretudo das janelas e varandas, enquanto outros desciam à rua e apitavam em cima de carros.

Quem circulava de viatura também se juntava ao coro, buzinando, alguns colocaram latas presas por fios, tornando o som ainda mais estridente ao bater no asfalto.

Este protesto foi convocado pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, o qual prometeu anunciar na terça-feira novas formas de contestação aos resultados anunciados pela CNE.

Na sexta-feira, Moçambique viveu o terceiro dia da denominada “terceira fase” da quarta etapa de paralisações e manifestações de contestação dos resultados eleitorais convocadas por Venâncio Mondlane, que nega a vitória de Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), com 70,67% dos votos.

Mondlane disse que os protestos são para manter “até que seja reposta a verdade eleitoral”.

De acordo com a CNE, Mondlane ficou em segundo lugar, com 20,32%, mas este afirmou não reconhecer os resultados, que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional, que não tem prazos para esse efeito e ainda está a analisar o contencioso.

Após protestos nas ruas que paralisaram o país nos dias 21, 24 e 25 de outubro, Mondlane convocou novamente a população para uma paralisação geral de sete dias, desde 31 de outubro, com protestos nacionais e uma manifestação concentrada em Maputo, no passado dia 07, que provocou o caos na capital, com diversas barricadas, pneus em chamas e disparos de tiros e gás lacrimogéneo pela polícia, durante todo o dia.

Lusa

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