Cazombo, escolhida para ser a capital da futura província do Moxico Leste, enfrenta uma realidade que contrasta com o papel que lhe foi atribuído pela nova divisão político-administrativa de Angola. A vila carece de infraestruturas essenciais, como restaurantes, alojamentos e água canalizada, levando a população a recorrer ao rio Zambeze para necessidades básicas de higiene.
Ausência de condições mínimas
O jornalista angolano Rafael Marques, que visitou recentemente Cazombo, descreveu o cenário como alarmante. “Não há água canalizada, nem energia elétrica suficiente, e os poucos serviços disponíveis são improvisados”, afirmou. Durante um evento que reuniu autoridades tradicionais da República Democrática do Congo e da Zâmbia, convidados tiveram de ser alojados numa escola devido à falta de acomodações adequadas.
Até mesmo as funções básicas da administração pública enfrentam dificuldades. Funcionários recorrem diariamente ao rio Zambeze, que se tornou a única alternativa para a higienização pessoal, dada a ausência de infraestrutura de saneamento.
Promessas versus realidade
Apesar do governo destacar a nova divisão político-administrativa como um meio de aproximar os serviços públicos dos cidadãos, a situação em Cazombo sugere o contrário. Rafael Marques criticou: “A administração do Estado não consegue sequer aproveitar o rio, que sempre esteve ali, para fornecer água canalizada à população. Em vez de aproximar serviços, criaram mais burocracia”.
Visita ministerial e planos para o futuro
Recentemente, o ministro da Administração do Território, Dionísio da Fonseca, visitou a vila para avaliar as condições locais. Reconheceu a necessidade de melhorias significativas, incluindo no abastecimento de água, saneamento básico, energia elétrica e rede viária. Um terreno de mil hectares foi destinado à construção de uma nova cidade para acolher a futura capital do Moxico Leste, mas a implementação ainda está em fases iniciais.
O governo assegura que as condições mínimas serão criadas para que a nova província entre em funcionamento em janeiro de 2025. O Orçamento Geral do Estado prevê recursos para apoiar o início das operações, mas a execução de projetos críticos será determinante para transformar Cazombo numa capital funcional.
Desafios estruturais
Enquanto isso, os desafios permanecem evidentes. A falta de infraestruturas básicas em Cazombo levanta dúvidas sobre a capacidade do governo de cumprir as promessas feitas com a criação da nova província. A população, que já enfrenta condições precárias, aguarda soluções que vão além de planos no papel.