Luanda — O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, fará uma viagem oficial à Alemanha e Angola no próximo mês, num esforço para reforçar as alianças internacionais em seus últimos meses no cargo. A Casa Branca confirmou a agenda do presidente nesta terça-feira, destacando que as visitas ocorrerão em um momento crucial tanto para a política global quanto para o cenário eleitoral americano.
Biden, que encerra seu mandato em 20 de janeiro de 2025, viajará para a Alemanha no dia 10 de outubro. Na capital alemã, o presidente participará de conversas com líderes europeus, com foco especial na guerra em curso na Ucrânia e na relação com a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte). O conflito na Ucrânia tem sido uma prioridade para o governo Biden, que tem liderado os esforços ocidentais de apoio militar e financeiro ao país, além de buscar manter a unidade da aliança transatlântica em um cenário de tensões crescentes com a Rússia.
Depois da visita à Alemanha, Biden segue para Angola, onde permanecerá de 13 a 15 de outubro. Durante sua estadia em Luanda, o presidente americano se reunirá com seu homólogo angolano, João Lourenço, em um momento em que as relações bilaterais entre os dois países vêm se estreitando. Angola, um dos maiores produtores de petróleo da África, tem se tornado um parceiro estratégico dos Estados Unidos na região, especialmente no contexto da transição energética global e do interesse crescente das grandes potências em recursos africanos.
A visita a Angola marca um ponto importante na política de Biden em relação à África, continente onde o governo americano tem buscado ampliar sua influência em meio à crescente presença da China e da Rússia. As conversas devem abordar temas de cooperação económica, investimentos no setor de energia e segurança regional, além de fortalecer laços diplomáticos com um dos países mais influentes do continente.
A viagem internacional ocorre num momento de grande tensão política nos Estados Unidos, a pouco menos de um mês das eleições presidenciais de 5 de novembro. A disputa está polarizada entre a atual vice-presidente Kamala Harris, candidata democrata, e o ex-presidente republicano Donald Trump. Embora Biden não esteja diretamente na corrida eleitoral, sua administração está fortemente envolvida nas campanhas e estratégias democratas.
A movimentação de Biden no cenário internacional pode ser vista como uma tentativa de reforçar o legado de sua presidência em áreas como política externa e cooperação global, áreas em que tem recebido elogios por seus esforços multilaterais. Ao mesmo tempo, a viagem destaca o papel contínuo dos Estados Unidos em crises globais, como o conflito na Ucrânia, e o interesse estratégico em regiões como a África.
Com uma agenda apertada e desafios internos e externos significativos, a última fase da presidência de Joe Biden parece estar focada em manter a relevância e a influência global dos EUA, ao mesmo tempo em que contribui para a transição política que se aproxima no país. O impacto dessas visitas pode reverberar não apenas no campo diplomático, mas também no processo eleitoral americano, moldando os debates sobre política externa e segurança nacional.
Implicações globais e eleitorais
A decisão de Biden de intensificar suas viagens internacionais nos últimos meses de mandato ressalta o papel da política externa como uma ferramenta de influência nas eleições domésticas. A abordagem do governo Biden em relação à Ucrânia e à OTAN deve continuar a ser um ponto de discussão nas eleições de 2024, com Kamala Harris prometendo seguir a mesma linha de apoio à Ucrânia, enquanto Donald Trump critica o envolvimento prolongado dos EUA no conflito.
Por outro lado, a visita à Angola insere o país num contexto mais amplo de disputas globais por influência em África. Com a China e a Rússia fortalecendo suas presenças no continente, os Estados Unidos buscam reafirmar seus laços diplomáticos e comerciais, especialmente com nações estratégicas como Angola.
Embora o foco principal da campanha eleitoral americana seja a economia doméstica, a política externa, especialmente em áreas como Ucrânia e África, pode desempenhar um papel significativo na construção da narrativa dos candidatos sobre a liderança dos Estados Unidos no mundo.
A visita de Biden à Alemanha e Angola, portanto, não apenas reforça a política externa de sua administração, mas também lança luz sobre as relações estratégicas que podem moldar o futuro da política americana e global.