Pequim – Líderes africanos e chineses se reúnem nesta semana em Pequim para a 9ª edição do Fórum de Cooperação China-África (FOCAC), um encontro que marca um novo capítulo na parceria estratégica entre os dois continentes. No entanto, enquanto os países celebram os avanços nos últimos anos, a questão da dívida e a busca por um modelo de cooperação mais equilibrado pairam sobre as negociações.
Nas últimas duas décadas, a China se tornou o maior parceiro comercial da África, investindo bilhões de dólares em infraestrutura, energia e outros setores. Angola, em particular, tem sido um dos principais beneficiários desses investimentos, com mais de US$ 45 mil milhões em financiamento chinês desde 2000.
Dívida e desafios
No entanto, a rápida expansão dos empréstimos chineses aos países africanos gerou preocupações sobre o aumento da dívida externa e a sustentabilidade das finanças públicas. A pandemia da Covid-19 agravou a situação, levando alguns países africanos a renegociar os termos dos seus empréstimos com a China.
A ministra das Finanças de Angola, por exemplo, revelou que a dívida do país para com a China representa cerca de 40% de toda a dívida externa angolana. Essa situação tem levado a um debate sobre a necessidade de um modelo de cooperação mais sustentável e transparente entre os dois continentes.
Novos investimentos
Apesar dos desafios, a China continua a ver a África como um mercado em crescimento e um parceiro estratégico importante. O FOCAC deste ano deve resultar em novos acordos de investimento e cooperação em áreas como infraestrutura, energia, tecnologia e saúde.
O presidente chinês, Xi Jinping, espera que o encontro fortaleça os laços entre a China e a África e promova a construção de uma comunidade de futuro compartilhado entre os dois continentes.
A visão de Angola
Angola, representada pelo ministro das Relações Exteriores, Téte António, espera aproveitar o FOCAC para aprofundar a cooperação com a China em diversas áreas. O país busca atrair mais investimentos chineses para diversificar sua economia e reduzir sua dependência do petróleo.
Novos rumos para a parceria
A 9ª edição do FOCAC busca justamente abordar esses desafios e traçar novos rumos para a parceria entre a China e a África. O tema central do encontro, “Unir as Mãos para avançar a modernização e construir uma comunidade de alto nível sino-africana com um futuro partilhado”, reflete a busca por uma relação mais equilibrada e mutuamente benéfica.
Espera-se que os líderes dos dois continentes discutam temas como:
- Dívida sustentável: A busca por soluções para aliviar a carga da dívida dos países africanos e garantir a sustentabilidade das finanças públicas.
- Investimento em setores estratégicos: A identificação de novos setores para investimento, como as energias renováveis e a agricultura, com o objetivo de promover o desenvolvimento sustentável.
- Transferência de tecnologia: A promoção da transferência de tecnologia da China para a África, para fortalecer as capacidades produtivas dos países africanos.
- Cooperação em áreas como saúde e educação: A expansão da cooperação em áreas sociais, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida das populações africanas.
A relação entre a China e a África está em constante evolução. A 9ª edição do FOCAC representa uma oportunidade para os dois continentes redefinirem sua parceria e construir um futuro mais próspero e sustentável.
