Terça-feira, 16 de Abril, 2024

Cientistas detetam pela primeira vez ondas sísmicas a propagarem-se pelo núcleo de Marte

Cientistas detetaram pela primeira vez ondas sísmicas a propagarem-se pelo núcleo de Marte, revela hoje um estudo que se baseou em dados recolhidos pela sonda espacial norte-americana InSight, cuja missão no planeta terminou em dezembro.

A sonda mediu propriedades do núcleo marciano, uma das camadas do interior do planeta, e a informação obtida permitiu aos investigadores concluírem que o núcleo será formado por uma liga de ferro completamente líquida com elevadas percentagens de enxofre e oxigénio.

Para os autores do estudo, hoje publicado na revista PNAS, da Academia Nacional das Ciências dos Estados Unidos, perspetivam-se novas pistas sobre como Marte se formou e se diferenciou geologicamente da Terra.

Marte, ao contrário da Terra, não tem um campo magnético que o proteja dos ventos solares (partículas energéticas com origem na coroa solar).

Os cientistas levantam, no entanto, a hipótese de o ‘planeta vermelho’ ter tido um escudo magnético semelhante ao campo gerado pelo núcleo da Terra, devido a vestígios de magnetismo na crosta, o que pode indiciar que Marte evoluiu gradualmente para as suas condições ambientais atuais, passando de um planeta potencialmente habitável para um planeta hostil à vida.

Uma equipa científica internacional, que incluiu sismólogos, rastreou a progressão de dois eventos sísmicos distantes em Marte, um causado por um abalo e outro por um grande impacto, e identificou ondas sísmicas a propagarem-se pelo núcleo do planeta.

Ao compararem o tempo que as ondas sísmicas demoraram a percorrer Marte com as ondas que permaneceram no manto, camada envolvente do núcleo, e combinando essa informação com outras medições sísmicas e geofísicas, a equipa estimou a densidade e a compressibilidade do material pelo qual as ondas sísmicas “viajaram”, refere um comunicado da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, que participou no estudo.

Segundo os investigadores, Marte terá um núcleo totalmente líquido, ao contrário da Terra, que tem um núcleo externo líquido e um núcleo interno sólido.

Lusa

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