Sexta-feira, 27 de Junho, 2025

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Sonangol quer sair do capital social do Banco Económico

Parece claro que o futuro do Banco Económico não pode continuar a ser adiado. Já são três anos sem apresentar contas públicas, e por enquanto não há uma solução sólida. A Sonangol, o maior accionista da entidade financeira, fez saber que quer sair do capital social do banco.

A Sonangol revela, no seu relatório e contas de 2021, a que o Expansão teve acesso, que pretende sair do Banco Económico. No documento que detalha o resultado das suas operações entre Janeiro e Dezembro, a maior empresa de Angola avançou mesmo que já solicitou às entidades superiores à devida a autorização para não participar na recapitalização do Banco Económico no âmbito do novo Plano de Recapitalização e Reestruturação, que a petrolífera diz ter sido apresentado a 15 de Fevereiro.

Desta forma, a sua participação actual de 70,38% será diluída desconhecendo-se, até porque o R&C de 2021 não adianta, como fará para deixar a participação accionista do ex-BESA. Aliás, a Sonangol admitiu mesmo que, face ao contínuo desempenho desfavorável do Banco Económico no mercado nacional, a petrolífera registou o valor do seu activo naquele banco com valor zero, registando uma provisão na proporção da sua posição líquida.

Para já, a solução encontrada para salvar o banco passa pela conversão dos depósitos dos maiores depositantes (que tenham mais de 5 milhões USD no banco), que não garante liquidez ao banco, e pela emissão de títulos de participação convertíveis (à semelhança do que se tentou fazer há anos atrás mas que teve zero subscrições). Só que, ao que o Expansão apurou, alguns dos depositantes desconfiam desta solução e estão renitentes em aceitar.

Por isso, somadas todas estas variáveis, analistas acreditam que, assim, só restará ao Banco Económico três caminhos: a imposição coerciva desta solução dos depósitos pelo BNA; a resolução através de uma intervenção, com o BNA a definir os destinos do banco, nomeando novos administradores, ou a liquidação, já que, segundo o próprio BNA, não haverá esforço adicional de fundos públicos para que o banco possa continuar a sua operação, considerando ainda que “não se espera que outras perdas relevantes venham a acontecer”.

“O sentido desta operação é proteger os depositantes e, dentro do possível, os investidores”, disse o governador. O posicionamento dos analistas consultados pelo Expansão é baseado na ideia do governador do BNA, José Massano, que garantiu não deixar a solução para o Banco Económico passar o ano 2022. “Queremos, até final deste ano, que as medidas mais impactantes sejam concluídas, esperamos ver isso acontecer até ao final do ano”, disse José Massano, à margem de um seminário em Carcavelos, nos arredores de Lisboa, em Portugal.

Fonte: Expansão

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