As restrições de viagem de países europeus relacionadas com a pandemia de covid-19 poderão fazer o continente africano perder 17,4 milhões de empregos e 102 mil milhões de euros até ao final do ano, segundo um relatório do Instituto Tony Blair.
O relatório estima o impacto económico de restrições impostas aos viajantes internacionais, nomeadamente a quarentena obrigatória de 14 dias na chegada de países considerados de risco, nos setores do turismo e transporte aéreo africanos até ao final deste ano.
De acordo com o estudo, 51% dos turistas em África chegam da Europa, mas a necessidade de cumprir quarentena no regresso está a reduzir o turismo.
Os autores, Rajkumar Mayank Singh e Jonathan Said, estimam que na, melhor das hipóteses, os países africanos vão perder 7,6 milhões de empregos e 53 mil milhões de dólares (45 mil milhões de euros), mas o pior cenário admite a perda de 17,4 milhões de empregos e 120 mil milhões de dólares (102 mil milhões de euros).
“Dada a dependência da África das viagens intercontinentais, especialmente para o turismo, essas restrições correm o risco de prejudicar a capacidade de o continente recuperar dos efeitos económicos da pandemia”, vinca Said, responsável de estudos sobre Crescimento Inclusivo do Instituto para a Transformação Global, fundado pelo antigo primeiro-ministro britânico.
O relatório urge que governos de países africanos, da UE e do Reino Unido trabalhem “o mais rápido possível” num quadro de regras e medidas que envolvam distanciamento social, teste e rastreamento de contactos em aeroportos e voos para permitir que o fluxo de viagens seja retomado.
Tal como apoio financeiro dado aos países africanos, através de subvenções ou suspensão das dívidas, “reiniciar totalmente as viagens aéreas com nações africanas pode ser igualmente importante”, vincou Said.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 1,1 milhões de mortos e mais de 40 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em África foram registados 39.738 mortos confirmados em mais de 1,6 milhões de infetados em 55 países, refletindo um número mais baixo de casos, de hospitalizações e de taxas de mortalidade do que em outros continentes.