Domingo, 24 de Agosto, 2025

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Guterres diz que “potencial” de África só pode ser concretizado com eliminação do terrorismo

O secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, considerou hoje África o “lar da esperança”, mas sublinhou que o potencial do continente só poderá ser concretizado com a “eliminação da sombra do terrorismo que se espalha rapidamente”.

Guterres diz que "potencial" de África só pode ser concretizado com eliminação do terrorismo

Numa reunião do Pacto Global de Contraterrorismo, na sede da ONU, em Nova Iorque, Guterres focou-se no impacto do terrorismo em África, continente que se tornou num “epicentro global” desse “inferno crescente que está a engolir milhões de africanos”.

O líder da ONU recordou que, em todo o continente africano, o Daesh, a Al-Qaida e os seus afiliados estão a explorar as dinâmicas e fragilidades dos conflitos locais para fazer avançar as suas agendas, ao mesmo tempo que destroem o tecido social de países inteiros “com as lâminas da violência, da desconfiança e do medo”.

Entre os países onde isso acontece, Guterres apontou a Somália, a República Democrática do Congo ou Moçambique, onde o terrorismo continua a ser “uma ameaça ativa” no norte do país.

“Um padrão perturbador é claro. Comunidade por comunidade, os grupos terroristas estão a alargar o seu alcance, a aumentar as suas redes continentais com mais combatentes, financiamento e armas, a forjar laços com grupos transnacionais do crime organizado. E a espalhar medo, miséria e ideologias de ódio através do ciberespaço”, denunciou.

“Em todos os casos, os civis pagam o preço mais elevado. Mas, no final, toda a humanidade paga”, frisou ainda.

Por outro lado, o ex-primeiro-ministro português destacou que, em toda a África, são cada vez mais os exemplos positivos de Estados-membros e organizações sub-regionais que se esforçam para combater o terrorismo e o extremismo violento.

Esses esforços incluem o Grupo de Trabalho Multinacional da Bacia do Lago Chade para combater o Boko Haram, a Missão de Transição da União Africana na Somália, e os esforços da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral e do Ruanda para combater o terrorismo no norte de Moçambique.

“Nós próprios [ONU] estamos a trabalhar em estreita colaboração com a União Africana, a CEDEAO [Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental] e outros em matéria de prevenção, assistência jurídica, investigações, processos, reintegração e reabilitação, e proteção dos direitos humanos”, assinalou.

Outro sinal de progresso indicado por Guterres foi a adoção unânime pelo Conselho de Segurança da ONU de uma resolução sobre o financiamento das operações de apoio à paz lideradas pela União Africana.

As operações de apoio à paz lideradas pela União Africana e autorizadas pelo Conselho de Segurança terão agora acesso ao financiamento proveniente de contribuições fixas da ONU, não excedendo 75% dos seus orçamentos anuais, com o montante restante a ser mobilizado conjuntamente pela comunidade internacional.

“Todas essas são etapas importantes. Mas precisamos de medidas urgentes, numa escala muito maior [do que] temos visto até agora. (…) Os nossos esforços devem estar ancorados no desenvolvimento sustentável e inclusivo”, sustentou.

“Isolamento, desigualdades, acesso limitado à escola, falta de oportunidades de emprego, erosão da confiança no Governo, nas instituições e no Estado de direito, violações dos direitos humanos e perceções de impunidade — em conjunto, estas condições conduzem à propagação do terrorismo. Precisamos acabar com esse círculo vicioso”, exortou o secretário-geral da ONU.

Lusa

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