O presidente da Federação das Associações dos Transportes Rodoviários de Passageiros, Mercadorias e Afins (Fatropma) considerou hoje que o problema da mobilidade no país, com destaque para Luanda, passa por melhoria das infraestruturas rodoviárias.
António Martins, em declarações à Lusa, disse que a federação recentemente criada é uma plataforma integrada, onde os associados vão poder apresentar as suas preocupações.
Segundo António Martins, há alguns anos existiam apenas duas associações no setor dos transportes, mas o número cresceu e há o registo de pelo menos seis associações e mais de dez cooperativas.
Instado a comentar sobre a entrada em vigor do passe social, o presidente da Fatropma disse que bem-vindo, por ter uma função social, beneficiando as pessoas mais carentes economicamente.
“Entrando em vigor o passe social desde que se cumpra com os objetivos da sua criação é bem-vindo, aliás já se aguarda a sua implementação desde junho de 2022”, referiu.
Esta semana, o Governo angolano aprovou um decreto executivo conjunto entre o Ministério das Finanças, e o Ministério dos Transportes, sobre a regulação do passe social e títulos de transporte para uso no sistema de transportes públicos de passageiros.
A implementação do passe social nos transportes coletivos, um título de transporte público com bonificação tarifária que beneficia utentes elegíveis, tinha prevista a sua efetivação para 2022, o que não se efetivou.
António Martins realçou que num passado recentemente, a empresa pública de Transporte Coletivo Urbano de Luanda (TCUL) “já fazia uso do passe social para os seus utentes e havia muita adesão à sua aquisição”.
“Vamos aguardar pelos métodos e modelos dos seus proponentes para depois tirarmos as nossas ilações sobre o mesmo”, sublinhou.
Relativamente ao problema da mobilidade em Angola, principalmente a capital do país, Luanda, o presidente da Fatropma disse que a solução passa por se criarem “uma infraestrutura rodoviária aceitável para uma circulação com segurança e fluida”.
“Neste preciso momento, a preocupação da federação é vermos reabilitadas ou a construção de estradas nacionais, as principais, secundárias, terciárias, as vias e rodovias de acesso, os corredores exclusivos dos meios de transporte de passageiros”, frisou.
“Hoje vemos nas nossas paragens dos autocarros e dos táxis uma enchente de passageiros a aguardar por esses meios, porque os meios fluem com pouca velocidade comercial, se nós tivéssemos essas vias de circulação obviamente o problema diminuía”, observou.
Questionado se as enchentes não se registam devido igualmente às quantidades insuficientes de autocarros, António Martins considerou que na sua opinião o problema “não é por aí”.
“Porque o ministro dos Transportes no Café Cipra disse que as operadoras de transporte urbano de passageiros, os autocarros, muitos deles só estão a meter em circulação 50% das suas frotas, não se sabe porquê, se pelo problema das vias ou outra situação”, realçou, apelando à fiscalização de quem de direito.
No ano passado, o ministro dos Transportes de Angola, Ricardo de Abreu, citado pelo Jornal de Angola, disse que para Luanda está a ser aumentada a frota de transportes públicos, acrescentando que na altura estavam disponíveis e operacionais cerca de 650 autocarros, prevendo-se que até junho ou julho, de 2022, o número chegasse a quase 800.
De acordo com António Martins “neste preciso momento as preocupações das operadas são as vias rodoviárias”, informando que a federação ora criada tem no programa inicial visitas a todas associações para um diagnóstico sobre o setor, no que se refere às dificuldades e constrangimentos.
Lusa