O embaixador de Moçambique nas Nações Unidas, Pedro Comissário Afonso, defendeu hoje em Nova Iorque que a comunidade internacional deve “unir esforços” para combater a “progressiva africanização do terrorismo”.

O diplomata, que intervinha na cerimónia que assinalou o início do mandato de dois anos de Moçambique como membro não-permanente do Conselho de Segurança (CS) da ONU, classificou essa “progressiva africanização do terrorismo” como uma “das ameaças contemporâneas à paz e segurança internacionais”.
Moçambique foi eleito membro não-permanente do Conselho de Segurança da ONU para o período de 2023 e 2024 em 09 de junho.
“A ONU foi criada para ser um centro de harmonização das ações das nações na consecução de objetivos comuns, incluindo a paz e a segurança internacionais, a busca de relações amistosas entre as nações e a cooperação internacional”, frisou.
“Alcançando esses objetivos, podemos abrir caminhos, como diz a Carta [das Nações Unidas], para a promoção do progresso social e melhores padrões de vida em liberdade mais ampla. Devemos continuar a viver de acordo com esses princípios”, acrescentou.
Além de Moçambique, mais quatro países — Equador, Japão, Malta e Suíça -, iniciam hoje um mandato de dois anos como membros não-permanentes do Conselho de Segurança.
“O dia de hoje é uma data importante. Marca a assunção histórica de Moçambique do seu primeiro mandato como membro não-permanente do Conselho de Segurança”, destacou Pedro Comissário Afonso, manifestando que o seu país “assume a adesão ao CS com sentido de grande responsabilidade”.
Nessa perspetiva, Moçambique “compromete-se a dedicar totalmente a sua energia, em cooperação com outros membros deste augusto órgão para a manutenção da paz e segurança global”, vincou.
Citando a Carta das Nações Unidas, que atribui ao CS “a promessa de paz, o imperativo da busca de soluções pacíficas para os conflitos e o dever de cooperar com outras nações”, Pedro Comissário Afonso disse que esses são também “princípios sagrados inscritos na Constituição moçambicana”.
“Como membro eleito, daremos, portanto, grande importância a situações que constituam sérias ameaças à existência pacífica dos Estados no século XXI”, referiu.
De acordo com a regra da rotatividade, Moçambique vai presidir ao Conselho de Segurança das Nações Unidas durante o próximo mês de março.
O Conselho de Segurança, criado para manter a paz e a segurança internacionais em conformidade com os princípios das Nações Unidas, tem cinco membros permanentes — Estados Unidos da América, Rússia, França, Reino Unido e China — e 10 membros não-permanentes.
Todos os anos, a Assembleia-Geral elege cinco de um total de 10 membros não-permanentes, que nos termos de uma resolução da ONU são distribuídos da seguinte forma: cinco africanos e asiáticos, um da Europa de Leste, dois da América Latina, dois da Europa Ocidental e outros Estados.
A eleição de Moçambique ocorreu numa altura em que a insurgência armada na província de Cabo Delgado continua o principal desafio de segurança, com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
A insurgência, que se prolongou pelos últimos cinco anos, levou a uma resposta militar desde julho de 2021 com apoio do Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projetos de gás, mas surgiram novas vagas de ataques a sul da região e na vizinha província de Nampula.
O conflito já fez um milhão de deslocados, de acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.
Lusa