Domingo, 22 de Dezembro, 2024

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Abel Chivukuvuku confirma ter voado sem talão de embarque e questiona lugares vazios no avião

O político angolano Abel Chivukuvuku confirmou hoje à Lusa ter voado a partir de Cabinda para Luanda sem talão de embarque, questionando haver lugares vazios no avião e sugerindo uma tentativa de o reter naquela província.

O Guardião

Segundo a Televisão Pública de Angola (TPA) o político, que participou no sábado, em Cabinda, num comício da UNITA, maior partido da oposição angolana, terá violado “medidas aeronáuticas” ao embarcar num voo da companhia área angolana, TAAG, sem o talão de embarque.

Um facto confirmado à Lusa pelo próprio, que, no entanto, garantiu que a viagem estava previamente acertada com os serviços de protocolo do Estado, que teriam na sua posse o seu talão de embarque.

Um oficial de protocolo entrevistado pela TPA, que disse ter sido ameaçado, afirmou que a delegação da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) não tinha bilhetes confirmados, pelo que seria necessário que houvesse desistências, mas Abel Chivukuvuku forçou a entrada no avião e recusou-se a descer.

Um supervisor da TAAG disse à televisão angolana que o bilhete existia, mas tinha data de 17 de junho, descrevendo a situação como “embaraçosa”.

À Lusa, Abel Chivukuvuku, ex-dirigente da UNITA e da coligação CASA-CE (oposição angolana) que deverá concorrer às eleições marcadas para 24 de agosto nas listas da UNITA, depois do Tribunal Constitucional inviabilizar o seu novo projeto político PRA-JA Servir Angola, contou outra versão dos acontecimentos.

Segundo disse Chivukuvuku, viajou para Cabinda (província do norte de Angola) no sábado, para participar num comício da UNITA, presidido pelo líder do partido, Adalberto da Costa Júnior.

“Nesse mesmo dia, pedi aos meus serviços para tratarem com o protocolo do Estado para poder regressar a Luanda no dia 12 [domingo], no voo da tarde”, afirmou.

No domingo, a delegação da UNITA seguiu para o aeroporto, segundo contou, por volta das 14:00: “Fomos instalados na sala do protocolo e disseram-me que o bilhete estava com os serviços do protocolo e que só iriam dar-me o talão de embarque quando entrasse para o mini-autocarro”.

Chivukuvuku adiantou que ao chegar o autocarro deu primazia ao líder da UNITA, esperando seguir na segunda viagem.

No entanto, “quando o autocarro voltou disseram que o avião estava cheio e não poderíamos embarcar”.

“Exigi ir até ao avião e quando cheguei lá perguntaram-me pelo talão de embarque. Eu disse que estava com os serviços do protocolo e decidi subir. Sentei-me, e quando a hospedeira veio falar comigo, disse-lhe para solicitar o talão aos serviços de protocolo”, relatou, confirmando que não atendeu aos pedidos para descer do avião.

O político afirmou ainda que foi o último passageiro a embarcar e viu que havia cinco lugares disponíveis, questionando os motivos para que fossem impedidas de embarcar outras três pessoas da sua delegação (o diretor de gabinete e dois escoltas).

“Podem fazer isso com outros passageiros, com o Chivukuvuku nunca vão fazer”, afirmou, perentório.

Sobre os motivos do incidente, considerou que “ou há muita desorganização” ou a tentativa de impedimento foi propositada.

“Ou há muita desorganização ou foi politicamente orientado e queriam reter-me em Cabida e isso eu não admito”, frisou Chivukuvuku, adiantando que já pediu uma reunião com o ministro dos Transportes para pedir explicações sobre situações semelhantes, em que os passageiros são impedidos de embarcar apesar de terem bilhete e haver disponibilidade de lugares.

A transportadora aérea TAAG, questionada pela Lusa sobre os alegados distúrbios, remeteu informações sobre o assunto para mais tarde.

A Lusa pediu também aos responsáveis do Ministério do Interior em Cabinda mais detalhes sobre o processo criminal que terá sido aberto contra Abel Chivukuvuku, estando também a aguardar esclarecimentos.

Chivukuvuku garantiu à Lusa que não foi notificado sobre nenhum processo e fala em tentativas de “diabolização e manipulação” do MPLA (partido do poder em Angola desde 1975).

“Eu tenho razão e tenho direitos”, concluiu.

Lusa

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