O Banco Nacional de Angola (BNA) considera que a taxa de câmbio do kwanza atingiu o seu ponto de equilíbrio e aponta para a estabilização da moeda, admitindo intervir apenas em caso de grandes flutuações.
Falando em conferência de imprensa, na Huíla, após a reunião do Comité de Política Monetária, o governador do BNA incentivou também os operadores económicos, sobretudo os que dependem de importações, a optar pelos câmbios a prazo.
José de Lima Massano disse que o kwanza, valorizou 36% até abril face ao dólar, desde o início do ano, e apesar de ter registado em maio “uma certa pressão” nada aponta para uma variação excessiva da moeda angolana no sentido da depreciação.
Também a oferta de moeda não abrandou, já que em maio foi superior a mil milhões de dólares, continuou, admitindo que possa ter havido “um momento de acerto”, sendo provável que a estabilidade seja mantida.
“Aliás, nos últimos dias, a taxa de câmbio praticamente não se mexeu, teremos aí um indicador do que de positivo estará a acontecer”, sublinhou.
Por isso, o BNA vai manter o atual curso de política monetária para manter a estabilidade: “Por essa via, particularmente para os produtos importados temos condição de atenuar os choques externos que estão neste momento a acontecer com uma alta generalizada de preços nas principais economias”, realçou o responsável do banco central.
Lima Massano recomendou aos operadores económicos que negoceiem com os seus bancos comerciais câmbios a prazo para obterem maior segurança.
“O que verificamos é que muitas empresas, algumas de grande dimensão e com necessidades regulares de importações, têm uma taxa de câmbio que é negociada no momento (‘spot’) quando há instrumentos para que o câmbio seja negociado a prazo”, disse, sugerindo que os produtos disponíveis no mercado cambial sejam disponibilizados pelos bancos comerciais aos principais importadores para que tenham segurança.
“Há um sentido de apreciação do kwanza e o que sentimos foi que muitos importadores preferiram adiar as suas compras na expectativa de o câmbio baixar, antes de fazer o pagamento ao exterior e quem tinha reservas em moeda estrangeira, vendo a apreciação do kwanza quis também desfazer-se dos seus dólares”, notou, não antecipando grandes alterações a este quadro.
O vice-governador do BNA, Manuel Tiago Dias, afirmou que, no passado, “o mercado cambial era um quebra-cabeças, não apenas para o BNA, mas para economia” porque criava dificuldades aos empresários e cidadãos, o que agora não acontece, já que está a desempenhar “o seu verdadeiro papel de amortecedor de choques externos”.
Salientou ainda que as operações se realizam através de uma plataforma da Bloomberg, com vários intervenientes do lado da oferta e da procura, e em que o BNA não intervém na determinação da taxa de câmbio.
“No nosso entender a taxa de câmbio já atingiu o seu ponto de equilíbrio. É obvio que ela vai flutuando em função da procura e da oferta, o que não queremos do lado do BNA (…) é que haja grandes flutuações que acabam por introduzir incertezas quanto ao mercado cambial. Só nesse caso é que pode haver uma intervenção pontual do BNA”, acrescentou.
Lima Massano reiterou a preocupação do banco central com variações acentuadas já que o objetivo é manter a estabilidade.
“Vamos continuar a ver a moeda variar, até determinado ponto”, frisou, garantindo que neste momento há reservas suficientes para intervir, caso seja necessário.
“Há cerca de um mês fizemos uma intervenção”, declarou, explicando que foi necessário pois havia excesso de moeda do lado da oferta.
“Aí decidimos intervir, adquirindo moeda, para permitir que o mercado continuasse a funcionar com estabilidade”, disse o governador, sublinhando que estabilidade não é igual a câmbio fixo.
Lusa