O Alto Conselho de Cabinda, que congrega vários movimentos e grupos, pediu hoje a Portugal que promova e sirva de mediador de negociações com o Governo de Angola para um acordo de paz naquele território independentista.
“O Alto Conselho de Cabinda exorta as autoridades angolanas, portuguesas, a União Africana e as Nações Unidas para que se dê início às negociações entre as autoridades angolanas e os representantes do povo de Cabinda, sem mais delongas a fim de restituir a liberdade e dignidade humana a este povo”, defendeu em comunicado.
A organização pede ainda “ao Governo português para, com base nas suas responsabilidades históricas, organizar e mediar as negociações entre o governo de Angola e o povo de Cabinda […] a fim de assegurar a credibilidade do processo e o respeito do acordo de paz que dele sair”.
O Alto Conselho de Cabinda foi criado em outubro de 2019 em Acra, no Gana, e resultou da convergência de movimentos políticos, grupos da sociedade civil e quadros de Cabinda.
Tem como objetivo a procura de “soluções pacíficas” para o conflito que afeta a região através do diálogo com Angola.
O Conselho diz ter já realizado encontros com várias organizações políticas da resistência cabindesa e partidos políticos angolanos, bem como com organizações de jovens, Igreja Católica e refugiados na República Democrática do Congo e cabindenses no estrangeiro.
No mesmo comunicado, a estrutura denuncia as condições de “abandono” e “vulnerabilidade” das populações das aldeias do interior do território, agravadas pela pandemia de covid-19.
“Esta pandemia constitui um ‘iceberg’ sobre as condições de vida precárias das populações”, refere o comunicado, acrescentando que estas não foram contempladas por “nenhum plano de mitigação do Governo local nem pelos diversos apoios da Organização Mundial de Saúde”.
“Esta situação tornou o sustento diário da família num pior inimigo que a própria pandemia”, sublinha o texto.
O conflito armado em Cabinda, província que reclama a independência de Angola, enclave rico em petróleo e separado do restante do país pela República Democrática do Congo (RDC), dura há mais de 40 anos.