O chefe de Estado moçambicano convidou os candidatos às presidenciais de outubro para uma reunião em 26 de novembro para “discutir a situação do país no período pós-eleitoral”, confirmaram à Lusa fontes das candidaturas.
A reunião terá lugar no gabinete de Filipe Nyusi, em Maputo, na terça-feira, às 16:00 (15:00 em Luanda), de acordo com as mesmas fontes, envolvendo os candidatos Daniel Chapo, Venâncio Mondlane, Lutero Simango e Ossufo Momade.
O Presidente moçambicano convidou na terça-feira os quatro candidatos presidenciais para uma reunião, incluindo Venâncio Mondlane, e disse que as manifestações violentas pós-eleitorais instalam o caos e que “espalhar o medo pelas ruas” fragiliza o país.
“Prometo que, até ao último dia do meu mandato, irei usar toda a minha energia para pacificar Moçambique (…). Mas para que eu tenha sucesso nesta missão, precisamos de todos nós e de cada um de vocês (…). Moçambicanos têm de estar juntos para resolvermos os problemas”, disse Nyusi, numa mensagem à nação.
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Apelando à “libertação do egoísmo” no processo pós-eleitoral, o chefe de Estado, cujo mandato termina em janeiro, garantiu que o Governo está aberto a encontrar “uma solução” para o atual momento, marcado por paralisações e manifestações convocadas por Venâncio Mondlane.
“Precisamos inclusivamente dos diferentes candidatos a Presidente da República. Precisamos do envolvimento do Lutero Simango, do Daniel Chapo, do Venâncio Mondlane e do Ossufo Momade. Precisamos do envolvimento dos seus colaboradores e apoiantes”, disse Nyusi.
Mondlane anunciou na quinta-feira, antes de ser conhecida publicamente a data do encontro, que poderia aceitar a reunião.
“Eu, Venâncio Mondlane, candidato vencedor das eleições presidenciais de 2024, aceito sem reservas esse diálogo, aceito essa mesa de diálogo (…). Mas esse diálogo, como qualquer diálogo, como qualquer negociação, como qualquer tipo de encontro institucional, deve ter uma agenda”, anunciou o candidato presidencial, numa transmissão através da rede social Facebook.
Para “não ir ao encontro no vazio, sem nenhuma agenda”, avançou que iria submeter nas primeiras horas de hoje, no gabinete da Presidência da República, um ofício com uma proposta que descreveu como sustentada pelos contributos dos moçambicanos sobre os passos a seguir no processo de contestação aos resultados anunciados das eleições gerais de 09 de outubro, resumidos em cerca de 20 pontos que irá apresentar publicamente e que “representam os anseios do povo moçambicano”.
“Quarenta mil pessoas escreveram [e-mail] para mim e está tudo resumido na carta que vai dar entrada na Presidência da República”, disse Mondlane.
“A soberania de Moçambique reside no povo, então é o povo que determina o que deve ser a agenda desse diálogo”, frisou.
O candidato, que não aceita os resultados anunciados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), que ainda têm de ser validados pelo Conselho Constitucional, apontando várias irregularidades ao processo eleitoral, rejeita um diálogo “à porta fechada” e com “segredinhos”.
“Diálogos abertos, em que a imprensa tenha acesso, em que a sociedade civil tenha acesso, em que os mediadores internacionais tenham acesso. Vamos fazer história”, acrescentou o candidato
Mondlane afirma estar fora de Moçambique por questões de segurança, sendo atualmente visado por vários processos judiciais desencadeados pelo Ministério Público, nomeadamente conspiração para golpe de Estado.
Mondlane contesta a atribuição da vitória a Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), com 70,67% dos votos, segundo os resultados anunciados em 24 de outubro pela CNE.
Lusa