O diretor do departamento africano do Fundo Monetário Internacional (FMI), Abebe Selassie, disse hoje que a previsão de contração económica na região vai ser revista em baixa nas próximas semanas devido aos efeitos da pandemia da covid-19.
“Esta é uma das alturas mais desafiantes e difíceis de sempre, para a economia e para as pessoas”, disse o responsável do FMI durante um ‘webinar’ organizado pelo Instituto Real de Assuntos Internacionais britânico, a Chatham House.
“Quando nos juntámos para fazer as previsões [do relatório de abril sobre a África Subsaariana], centrámo-nos no valor de 1,6% para a contração económica, o que significa uma redução per capita de 4%, e nessa altura esperávamos que as medidas de confinamento fossem limitadas a um trimestre e que depois haveria uma recuperação, mas vemos agora que a reabertura das economias e a recuperação está a ser mais lenta, por isso vamos rever a previsão de evolução da economia nas próximas semanas”, disse o diretor do departamento africano.
Para Selassie, “os riscos descendentes que foram identificados quando foi feito o relatório parecem estar materializar-se, por isso a principal preocupação é que a perspetiva de evolução da economia tenha um quadro mais sombrio”.
No seminário mantido à distância entre Washington, a sede do FMI, e Londres, o diretor do departamento africano do Fundo não concretizou a perspetiva de degradação da previsão de crescimento económico, mas salientou que a região enfrenta “um ‘cocktail’ venenoso de choques”, desde a queda do preço do petróleo até à pandemia, passando ainda pelo declínio da procura externa.
“Cada um dos choques já seria difícil de gerir, mas três ou quatro choques ao mesmo tempo são um desafio muito profundo para as economias”, disse Selassie, defendendo que a ajuda internacional será determinante.
“O que a comunidade internacional pode e deve fazer é dar financiamento externo de forma altamente concessional [com taxas de juro muito baixas], dar muito apoio, isso é muito importante, porque os países precisam mesmo de espaço orçamental para serem capazes de implementar políticas que visem combater ou evitar as perturbações que a doença causa”, concluiu.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 323 mil mortos e infetou quase 4,9 milhões de pessoas em 196 países e territórios.
Mais de 1,8 milhões de doentes foram considerados curados.
Em África, há 2.919 mortos confirmados, com mais de 91 mil infetados em 54 países, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia naquele continente.