O economista angolano, Carlos Rosado, disse em declarações à Voz da América que o valor de cerca de 400 mil milhões de kwanzas (450 milhões de dólares) apresentados pelo governo angolano, arrecadados com as privatizações de activos do Estado, não correspondem à realidade

Segundo Carlos Rosado, que também é jornalista, o executivo diz já ter arrecadado não corresponde à realidade.
“Isto dos trezentos mil milhões de kwanzas encaixados é mentira, porque deste valor duzentos e cinquenta e cinco mil milhões de kwanzas são da área dos têxteis, que não deram receitas de privatização”, disse explicando que neste caso “a exploração foi cedida, quem tem a gestão actual tem a possibilidade de daqui a dez ou doze anos comprar a empresa, mas o executivo já está a contar esse eventual valor como receita”.
“Mas isso não é receita porque não receberam nada ainda, depende da opção de compra porque se eles não quiserem ficar com empresa, devolvem e não pagam nada”, acrescentou.
Só este ano o Executivo prevê passar para a esfera privada 33 activos estatais, entre eles o BCI, a ENSA, e o grupo de supermercados Kero.
Por sua vez, o economista David Kissadila recordou que no passado existia “uma economia de matriz comunista onde maioria das empresas estatais foram feitas pela Sonangol que comprou os equipamentos, fez as fábricas”.
“Todas as empresas públicas que haviam nas mãos do estado agora querem passá-las à privatização” disse Rosado de Carvalho que apesar de concordar com o princípio de se privatizar estas unidades, defende que seja no melhor momento e condições de encaixe.
“Eu não sou defensor que o estado privatize os seus activos a qualquer custo”,disse fazendo notar que “o momento não favorece”.
“Houve um conjunto de empresas que custavam sessenta e seis mil milhões de kwanzas, depois foram avaliadas em trinta e tal mil milhões de kwanzas, depois foram vendidas a 15 mil milhões de kwanzas e o estado perdeu muito dinheiro”, acrescentou.
Por seu turno o economista David Kissadila diz não haver dúvidas quem está a beneficiar do processo de privatizações.
“Pessoas que ostentam cargos do estado e ostentaram no passado, grandes generais do país facilmente são identificadas por qualquer um”, disse.
“São os mesmos donos de sempre, há inclusive publicações sobre isto, o povo que na verdade é o dono, o patrão dos bens do estado não lhes é prestada a informação oficial”, disse.
“O governo é o servidor público devia prestar com clareza contas ao dono que é o cidadão, isto não ocorre, não há transparência”, acrescentou.
Para o ano corrente prevê-se a privatização de 33 activos e até 2022 o Executivo estima privatizar 190 activos do Estado.
Entre os activos a privatizar constam os da Sonangol, Endiama, TAAG, os bancos de Comércio e Indústria (BCI), BAI, Banco Económico e Caixa Geral de Angola bem como ENSA, a Bolsa da Dívida e Valores de Angola (Bodiva).
O governo prevê privatizar também as unidades agro-industriais Aldeia Nova e Biocom, as fábricas Textang II, entre outras.