Segunda-feira, 23 de Dezembro, 2024

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TAAG cancela voo para Joanesburgo sem alternativa e nega decisão “em cima da hora”

A TAAG Linhas Aéreas de Angola cancelou um voo de Luanda para Joanesburgo, recusando-se a colocar passageiros oriundos de Lisboa em voos alternativos a operar da Europa para a África do Sul, mas negou cancelamento “em cima da hora”.

Passageiros com ‘check-in’ confirmado no voo da TAAG, que devia ter saído na noite de segunda-feira de Lisboa com destino a Joanesburgo, via Luanda, viram a passagem cancelada cerca de 14 horas antes do embarque, na manhã de segunda-feira, e a empresa angolana recusou-se a organizar uma alternativa, disse à Lusa, por telefone, uma portuguesa retida em Portugal.

“Ligaram-me às 07:52 a dizer que o voo estava confirmado e que teria de fazer o ‘check-in’ três horas antes, apesar de já o ter feito ‘online’ e estar na posse dos talões de embarque, mas voltaram a ligar 15 minutos depois para dizer que o voo de Luanda para Joanesburgo estava suspenso e se eu queria na mesma voar para Luanda”, relatou.

A portuguesa, que pediu anonimato, explicou que tinha agendado a viagem para a África do Sul há mais de um mês, por motivos profissionais, salientando que apesar de a TAAG ter em seu poder o valor da passagem desde novembro, e de todos os procedimentos cumpridos atempadamente, incluindo o teste PCR à covid-19 negativo, a companhia angolana recusou-se a organizar outra alternativa para a colocar na África do Sul.

“A TAAG recusou a minha colocação num voo de outra companhia, também não diz quando retomará os seus voos, não explica a razão do cancelamento da passagem, uma vez que o espaço aéreo na África do Sul não foi encerrado e não explica quem irá suportar agora as despesas do novo teste de covid-19”, adiantou à Lusa.

“O ‘call center’ [da TAAG] disse-me que as únicas opções seria aguardar pela retoma dos seus voos, ou aceitar um ‘voucher’ de 12 meses no mesmo valor e com 50 euros de ‘bónus’ para compra de nova passagem também na TAAG”, explicou, salientando que se quiser um esclarecimento formal “que o solicitasse por ‘e-mail'”.

A cidadã referiu que se encontra agora obrigada a comprar outra viagem numa outra companhia para viajar para a África do Sul, sem receber o reembolso do valor pago à companhia angolana, “que não garante o seu pagamento imediato ou em 30 dias, podendo demorar até seis meses”.

O porta-voz da TAAG negou à Lusa o cancelamento de voos “em cima da hora”, referindo que há um decreto conjunto dos ministérios da Saúde, dos Transportes e do Interior angolanos a dar conta do encerramento da fronteira aérea com a África do Sul.

“Que cancelámos o voo em cima da hora não é verdade, foi tão logo que saiu um decreto conjunto a TAAG também fez sair um comunicado a dar conta do cancelamento dos voos por razões da pandemia, seja para Joanesburgo, quer para a Cidade do Cabo”, disse Carlos Vicente.

O responsável frisou que em situações do género o procedimento manda que os passageiros contactem os serviços de terra para se encontrarem alternativas.

“E esse cancelamento é bom que se diga não tem a ver diretamente com a TAAG, logicamente que os passageiros deverão contactar os nossos serviços em terra para logo de seguida saber o que se vai fazer”, referiu.

Segundo Carlos Vicente, enquanto vigorar o decreto conjunto não há ligação entre Luanda e Joanesburgo.

“É uma questão até de compreensão, nós temos que cumprir, é de lei e temos que cumprir”, frisou.

No dia 25, a TAAG emitiu um comunicado, na sequência do anúncio pelas autoridades angolanas da suspensão das ligações aéreas, terrestres e marítimas de passageiros provenientes da África do Sul, Austrália, Nigéria e Reino Unido, no qual dava conta que estão suspensos todos os voos com destino a Joanesburgo e Cidade do Cabo.

Todavia, o Governo sul-africano negou ter encerrado o espaço aéreo internacional anunciado pela companhia aérea de bandeira angolana para cancelar os seus voos semanais para a África do Sul.

“Não existe qualquer encerramento do espaço aéreo internacional como parte do confinamento de nível 3 anunciado ontem à noite pelo Presidente Ramaphosa, o espaço aéreo permanece aberto até novas normas em contrário”, disse à Lusa a porta-voz do Ministério dos Transportes, Ayanda Allie Paine.

As companhias de aviação Emirates, Qatar, KLM e Air France continuam a operar todos os seus voos para Joanesburgo, disse hoje à Lusa fonte do setor de aviação comercial em Joanesburgo.

A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.775.272 mortos resultantes de mais de 81,5 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

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