Segunda-feira, 23 de Dezembro, 2024

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Kabila, um ex-presidente nos bastidores da crise na República Democrática do Congo

Oficialmente, o ex-presidente da República Democrática do Congo Joseph Kabila Kabange deixou o cargo há 18 meses, mas lidera nos bastidores suas tropas maioritárias no Parlamento, que aposta em seu retorno como chefe do maior país da África Subsaariana.

“Kabila, retorna logo para que voltemos a pôr ordem”, cantavam seus simpatizantes em Kinshasa, na quinta-feira, em meio à crise na coligação no poder.

Discreto por natureza, ele tem-se mantido invisível desde a passagem do cargo para o novo presidente, Félix Tshisekedi, em 24 de janeiro de 2019, após alcançar um acordo de coligação: a presidência para o opositor Tshisekedi, e o Parlamento, para os leais a Kabila.

O ex-líder congolês de 49 anos aproveita a vida em seu rancho de Kingakati, a 80 quilômetros da capital, entre animais (como leões e antílopes) que tem trazido de outros países africanos.

Suas aparições públicas são quase inexistentes. O “presidente honorário” não tem falado publicamente desde que deixou o cargo.

Kabila continua sendo a principal autoridade da Frente Comum para o Congo (FCC), a sigla que controla o Parlamento, embora tenha delegado a gestão a um homem de confiança – seu ex-chefe de gabinete Néhémie Mwilanya Wilondja.

“Administra sua família política no dia-a-dia”, disse o ex-conselheiro do presidente à AFP.

– “Nenhuma restrição” –

Ele nunca descartou uma volta. “Na vida, assim como na política, não descarto nada”, disse ele à imprensa estrangeira em dezembro de 2018, pouco antes de sua saída.

Kabila deixou o poder dois anos depois do final de seu segundo e último mandato autorizado pela Constituição, sob pressão das ruas e dos parceiros estrangeiros da RDC, como Estados Unidos e União Europeia.

Seus muitos adversários, que desafiaram repressões sangrentas, temiam por um terceiro mandato à força. No final, houve eleições em 30 de dezembro de 2018, após três adiamentos.

Kabila pode voltar, afirmam seus amigos.

“A Constituição proíbe três mandatos consecutivos, mas não cita uma possível volta depois de um intervalo de cinco anos”, comentou seu ex-assessor.

Para os amigos de Kabila, porém, o desafio consiste em frear a influência do atual presidente Tshisekedi, em nome do “equilíbrio de poderes”.

Tshisekedi conta com o respaldo dos Estados Unidos, que apoiam sua vontade de lutar contra a corrupção e excluir as personalidades que se encontram sob sanções do país.

“Os agentes do FBI [a Polícia Federal americana] e os procuradores americanos estão dispostos a colaborar em casos em escala internacional”, tuitou o embaixador dos Estados Unidos em Kinshasa, Mike Hammer, na última terça-feira.

As próximas eleições estão previstas para 2023.

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