O grupo de bispos e pastores angolanos anunciou o seu rompimento com a direcção brasileira e com o bispo Edir Macedo, denunciando, em comunicado, entre outras práticas, uma pretensa venda de mais de metade do património da IURD Angola “sem consulta prévia”.
Segundo o seu porta-voz, pastor Jimi Cardoso, as instalações da igreja foram tomadas, para que a IURD cumpra, efectivamente, com o seu papel social enquanto parceira do Estado.
A ala angolana diz ter sob controle 42 por cento das instalações da Igreja Universal, em Luanda, Benguela, Huambo, Malanje, Namibe, Lunda Norte e Cuanza Sul, de um total de 270 templos erguidos pelo país. Quanto a outro tipo de património, ainda pouco se sabe.
A crise na Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), em Angola, ganhou novos contornos, nos últimos dias, com a troca de acusações e agressões físicas entre pastores e bispos angolanos e brasileiros, sete meses depois do primeiro sinal de mal-estar entre as partes.
Só numa semana, relatos de confrontos entre representantes das duas alas foram registados, em várias províncias do país, onde a parte angolana assumiu o controle de dezenas de templos.
Na base do problema, segundo os pastores angolanos, estão várias irregularidades cometidas pelos bispos brasileiros, entre as quais uma suposta evasão de divisas para o exterior do país.
Outro problema que agudiza a crise de liderança na IURD, segundo a parte angolana, é a suposta exigência da prática da vasectomia aos pastores angolanos.
Os angolanos denunciam que essa prática resulta de uma orientação do líder fundador da Igreja Universal do Reino de Deus, Bispo Edir Macedo, acusação que a parte brasileira já refutou.
Na verdade, a crise já se arrasta desde 28 de Novembro de 2019, altura em que 300 fiéis angolanos, entre pastores e bispos, acusaram, pela primeira vez, a ala brasileira.
À época, assinaram uma petição e denunciaram as supostas práticas à Procuradoria Geral da República (PGR), que instaurou um processo-crime, ainda sem resultados.
Depois de sete meses à espera de respostas às suas pretensões, por parte das autoridades, os mesmos “endureceram o tom”, no início desta semana, invadindo vários templos.
Os bispos brasileiros já repudiaram o facto e consideram tratar-se de “ataques xenófobos” perpetrados por alegados ex-pastores angolanos desta igreja, cuja sede está no Brasil.
Em um comunicado divulgado na sua página do Facebook, a IURD sublinha que é oficialmente reconhecida em Angola desde 17 de Julho de 1992, e acusa os ex-pastores angolanos de “práticas e desvio de condutas morais e, em alguns casos, criminosas”.
Diante desse clima de tensão, a Polícia Nacional colocou agentes junto aos templos da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), a fim de acautelar eventuais confrontos.
Segundo Nestor Goubel, porta-voz da polícia, o Comando provincial de Luanda tem estado a acompanhar esta situação, em toda a extensão da província.