As cotações do petróleo registaram ganhos esta terça-feira, 23, num mercado marcado por fraca actividade devido à proximidade do Natal, enquanto os investidores mantiveram a atenção centrada na crise diplomática e energética entre Washington e Caracas.

Em Londres, o preço do barril de Brent, com entrega em Fevereiro, subiu 0,50%, fixando-se nos 62,38 dólares. Já no mercado norte-americano, o West Texas Intermediate (WTI), com o mesmo vencimento, avançou 0,64%, para 58,38 dólares por barril.
Segundo Andy Lipow, presidente da Lipow Oil Associates, em declarações à AFP, o período festivo explica os volumes reduzidos de negociação. Ainda assim, o mercado continua atento à evolução da situação entre os Estados Unidos e a Venezuela, em particular à recente apreensão de navios petroleiros.
Os Estados Unidos implementaram um bloqueio naval ao largo da costa venezuelana e já apreenderam dois navios suspeitos de transportarem petróleo do país. Um terceiro petroleiro foi perseguido no domingo, mas conseguiu escapar.
A Venezuela exporta cerca de 500 mil barris de petróleo por dia através do mercado paralelo, sobretudo para países asiáticos. Actualmente, apenas a petrolífera norte-americana Chevron tem autorização para transportar crude venezuelano para os Estados Unidos, com exportações estimadas em cerca de 200 mil barris diários.
De acordo com Lipow, este tipo de tensão geopolítica, a par do conflito na Ucrânia, tem ajudado a conter uma queda mais acentuada dos preços do petróleo ao longo de 2025, num contexto marcado pelo receio de excesso de oferta no mercado global.
Ainda assim, o analista considera que mesmo uma interrupção total das exportações venezuelanas teria um impacto limitado, estimando uma subida entre dois e três dólares por barril, valor considerado pouco significativo face à existência de outras fontes de abastecimento, nomeadamente o aumento da produção na América do Norte e na América do Sul.
Os preços do crude também têm sido pressionados pela decisão da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e dos seus aliados de aumentarem, desde Abril, as quotas de produção.
Desde o início do ano, o WTI acumulou uma queda de cerca de 20%, enquanto o Brent perdeu mais de 17% do seu valor.

