Quinta-feira, 27 de Novembro, 2025

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Europeus e africanos têm de reforçar parcerias num mundo conflituoso – Ursula von der Leyen

A presidente da Comissão Europeia afirmou esta segunda-feira que a economia global está “mais conflituosa” e que, também por isso, “África e a Europa precisam uma da outra mais do que nunca”.

Na abertura da Cimeira União Africana — União Europeia, na capital angolana, Ursula von der Leyen começou por fazer o diagnóstico: “O comércio global está mais politizado do que nunca. As tarifas e as barreiras comerciais estão a ser utilizadas de forma agressiva. Os controlos à exportação tornaram-se uma ferramenta para prejudicar os concorrentes e obter concessões. A sobrecapacidade global em certos campos estratégicos atingiu um nível sem precedentes”.

Face a este cenário global, a líder da Comissão Europeia defendeu que muitas das respostas residem numa parceria mais forte entre europeus e africanos. E que o ponto de partida é o comércio.

“A Europa já é, de longe, o vosso principal parceiro comercial. Um terço do comércio total de África é com a Europa, e África exporta para a Europa mais do dobro do que para a China. A maior parte do nosso comércio já é isento de direitos aduaneiros e quotas há décadas, graças aos nossos acordos de comércio livre e regimes preferenciais”, lembrou a responsável.

“Mas vejo margem para expandir ainda mais as nossas relações comerciais. Neste momento, em todo o continente, estamos a construir novas infraestruturas para ligar África e a Europa”, salientou, numa alusão ao Corredor do Lobito, cujo investimento europeu supera os dois mil milhões de euros.

E enquanto ligamos África aos mercados globais, também estamos a apoiar o comércio dentro do vosso continente. Esta é a melhor maneira de as empresas africanas crescerem e se prepararem para a concorrência global.

Ursula von der Leyen sublinhou ainda que enquanto a Europa liga África aos mercados mundiais, também apoia o comércio no próprio continente africano, sustentando que “esta é a melhor maneira de as empresas africanas crescerem e se prepararem para a concorrência global”.

A líder europeia afirmou ainda que “junto com o comércio vem o investimento” e enumerou uma série de investimentos europeus em África, como o Global Gateway, cujo propósito passa também por criar indústria e empregos locais, ao contrário de “outros investidores” que “contratam trabalhadores estrangeiros”, que “perfuram, exploram e lavam os lucros”.

O programa europeu Global Gateway, afiançou, tinha um objetivo de investir 150 mil milhões de euros, mas já foram mobilizados 120 mil milhões de euros.

Por fim, lamentou que dos dois biliões de dólares investidos em energia limpa em 2024, apenas 2% foram para África, quando este continente possui 60% do potencial solar do mundo.

“É por isso que, juntamente com o Presidente sul-africano e a Global Citizen, lançámos uma campanha. Chamamos-lhe ‘Scaling Up Renewables in Africa (Aumentar as energias renováveis em África). E no G20, no início desta semana, alcançámos 15,5 mil milhões de euros em compromissos globais. Trabalharemos com o setor privado para expandir a energia limpa em África e levar eletricidade a pelo menos 100 milhões de pessoas até 2030”, prometeu.

A sétima cimeira UE-UA realiza-se em Luanda, hoje e terça-feira, centrada em “promover a paz e a prosperidade através de um multilateralismo eficaz”.

O encontro de alto nível — o 25.º entre os dois blocos – é copresidido pelo Presidente de Angola, João Lourenço, e pelo presidente do Conselho Europeu, António Costa, estando a UE ainda representada pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e a UA pelo presidente da Comissão, Mahmoud Ali Youssou.

A União Europeia é constituída por 27 países, incluindo Portugal. A União Africana é composta por 55 nações, incluindo Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe.

Lusa

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