Angola recebeu 263.553 turistas internacionais no biénio 2022-2023, mais 136 mil do que nos dois anos anteriores, refletindo a retoma pós-pandemia, segundo o Anuário Estatístico do Turismo 2022-2023, hoje divulgado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

Portugal liderou de forma destacada como mercado emissor, representando 32,7% do total das chegadas, seguido do Brasil (5,7%), Índia (4,3%), França (4,1%) e Reino Unido (3,5%). No conjunto, a Europa representou 50,1% das chegadas, África 20% e a América 13,9%.
As viagens por motivos de serviço — como participação em reuniões, congressos e outros eventos profissionais — foram predominantes, correspondendo a 57,5% das chegadas de turistas nesse biénio.
No espaço da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Moçambique (0,7%), Cabo Verde (0,1%) e São Tomé e Príncipe (0,1%) tiveram um peso conjunto de apenas 0,9%, ou seja, residual face ao domínio dos mercados português e brasileiro.
O setor registou 4,4 milhões de hóspedes nos estabelecimentos turísticos e 6,6 milhões de dormidas, com uma estadia média de duas noites.
A faturação global ascendeu a 479,1 mil milhões de kwanzas (cerca de 526 milhões de euros), mais 52% do que em 2020-2021, sendo os hotéis responsáveis por quase metade das receitas (47,3%). Luanda concentrou 32,4% do volume de negócios.
Apesar da recuperação, Angola manteve um défice na balança turística, tendo em conta os dados da Balança de Pagamentos referentes a 2023.
A rubrica viagens registou um défice de 1.343 milhões de dólares (cerca de 1.233 milhões de euros), representando ainda assim uma redução de 30,2% face ao défice de 1.638 milhões de dólares (cerca de 1.502 milhões de euros) verificado no ano anterior. Esta melhoria foi influenciada, em grande parte, pela diminuição das despesas com viagens pessoais, que recuaram em 205 milhões de dólares (cerca de 188 milhões de euros).
“Em 2023, as receitas provenientes da entrada de turistas no território nacional foram inferiores às despesas associadas ao turismo no exterior, resultando num saldo deficitário nesta componente da conta de serviços, o que se traduziu numa saída líquida de divisas do país”, salienta o documento.
As viagens de negócios mantiveram-se como o principal motivo da entrada de turistas em Angola, representando 86,3% do valor total registado em 2023, enquanto o turismo pessoal correspondeu a 13,7%. Por outro lado, no que diz respeito aos residentes angolanos no exterior, as viagens pessoais constituíram a principal motivação, com um peso de 89,8%, sendo que as viagens de negócios representaram apenas 10,2% do total.
Em 2023, o setor empregava 186.984 trabalhadores (+1,2% face a 2022), maioritariamente em restaurantes e similares (31,1%), hotelaria (18,2%) e bares (17,7%). Existiam 7.828 estabelecimentos turísticos em funcionamento, dos quais quase metade (47,5%) em Luanda, 15,3% em Benguela e 14,5% na Huíla. A capacidade hoteleira somava 27.704 quartos e 38.022 camas.
A nível de emprego, o turismo absorveu 186.984 trabalhadores em 2023, mais 1,2% face a 2022. Os restaurantes e similares foram os maiores empregadores (31,1%), seguidos da hotelaria (18,2%) e bares (17,7%). Luanda continua a liderar, com 60,9% dos empregos do setor.
Lusa