A Polícia Nacional de Angola anunciou esta segunda-feira a detenção de mais de 100 pessoas suspeitas de envolvimento em atos de vandalismo registados na sequência da paralisação de três dias dos taxistas, que protestam contra o aumento do preço dos combustíveis.

O porta-voz da Polícia Nacional, subcomissário Mateus Rodrigues, informou que “a situação atual é estável e os focos de desordem registados de manhã já estão controlados”. As autoridades apreenderam ainda bens encontrados “na posse dos indivíduos que cometeram os atos de violência” ocorridos em vários pontos da capital.
Segundo a corporação, cerca de 20 autocarros públicos foram destruídos, estando ainda por contabilizar os veículos particulares danificados. “Os dados ainda são preliminares, porque continuamos a calcular e a receber as informações sobre o que efetivamente ocorreu”, esclareceu Mateus Rodrigues, sublinhando que as forças de segurança permanecem mobilizadas para neutralizar “pequenos focos de desordem”.
O porta-voz apelou aos cidadãos para que se abstenham de participar em atos de vandalismo, frisando que “as forças de segurança pública não vão tolerar esses atos de desordem pública e serão tomadas medidas drásticas no sentido de se repor a ordem a todo o custo”.
Mateus Rodrigues revelou ainda que a polícia dispõe de imagens e outros dados que permitirão a identificação e detenção de mais envolvidos: “Todos aqueles que praticaram os atos de pilhagem serão detidos, para além destes 100, haverá outras detenções e todos eles serão levados à justiça”.
Até ao momento, não há registo de vítimas mortais ou feridos, após uma primeira comunicação ter reportado uma pessoa ferida que foi entretanto socorrida.
O protesto dos taxistas surge na sequência do aumento do preço do gasóleo, que passou de 300 para 400 kwanzas por litro, no quadro da retirada gradual do subsídio aos combustíveis iniciada em 2023. O reajuste motivou a atualização das tarifas do transporte coletivo, que passaram de 200 para 300 kwanzas nos táxis e de 150 para 200 kwanzas nos autocarros urbanos.
Segundo as associações e cooperativas de taxistas (ANATA, ATA, CTMF, ATLA, CTCS, 2PN e AB-TÁXI), o Governo ignorou por mais de 15 dias os apelos do setor, levando à paralisação total dos serviços nos dias 28, 29 e 30 de julho. A greve provocou enchentes nas paragens e, nas primeiras horas, registaram-se vários episódios de vandalismo, com autocarros apedrejados, barricadas nas estradas, pneus incendiados e pilhagens em estabelecimentos comerciais.
Lusa