Os Estados Unidos da América anunciaram esta terça-feira, em Luanda, um financiamento adicional para o desenvolvimento e expansão do Corredor do Lobito, elevando o total dos compromissos para cerca de cinco mil milhões de dólares. A revelação foi feita por Troy Fitrell, responsável sénior do Bureau dos Assuntos Africanos do Departamento de Estado norte-americano, durante uma conferência de imprensa integrada na Cimeira EUA-África, que decorre na capital angolana.

Segundo o diplomata, metade do valor agora anunciado não fazia parte do plano original, mas a relevância estratégica do Corredor para a região e as vantagens mútuas que oferece motivaram investidores americanos a aumentarem os aportes. Fitrell sublinhou que “os Estados Unidos estão empenhados em fortalecer as infraestruturas africanas com investimentos sustentáveis, liderados pelo setor privado”.
O Corredor do Lobito é uma infraestrutura ferroviária e logística que liga o porto do Lobito, em Angola, às regiões ricas em minerais da República Democrática do Congo (RDC) e da Zâmbia. A sua modernização visa transformar esta via num eixo fundamental para o escoamento de minérios como cobre e cobalto, elementos essenciais para a transição energética global.
O pacote de financiamento norte-americano inclui:
- Um empréstimo de 553 milhões de dólares do DFC (U.S. International Development Finance Corporation) para a modernização de mais de 1.300 km de linha férrea;
- Apoios adicionais da USAID e do Banco Eximbank dos EUA, com garantias de risco político e assistência técnica;
- Investimentos complementares do setor privado, mobilizados sob a iniciativa PGII – Parceria para Infraestruturas e Investimento Global;
- Parcerias com o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), a Comissão Europeia e a África Finance Corporation, elevando o investimento total na infraestrutura para mais de 6 mil milhões de dólares.
Além da reabilitação da linha existente, os Estados Unidos e os seus parceiros apoiam a construção de um novo troço ferroviário entre a RDC e a Zâmbia, o que permitirá consolidar o corredor como uma alternativa eficiente e competitiva aos portos do Índico. A expectativa é que as obras comecem entre o final de 2025 e o início de 2026.
O Corredor do Lobito é também uma peça central da estratégia norte-americana para contrabalançar a influência da China em África, ao oferecer alternativas sustentáveis e transparentes para o desenvolvimento regional. Durante a visita a Angola em finais de 2024, o Presidente Joe Biden afirmou que “África é o futuro” e que os EUA estão “totalmente comprometidos” em apoiar o crescimento económico do continente por via do comércio e não apenas da ajuda.
A aposta norte-americana visa igualmente impulsionar sectores como energia, saúde, agricultura, água, telecomunicações e digitalização ao longo do corredor, com o objectivo de criar valor partilhado, empregos qualificados e maior integração entre os países africanos.
O Corredor do Lobito, ao atrair investimentos estruturantes e de longo prazo, assume-se assim como um catalisador para o desenvolvimento regional e uma alavanca para a nova diplomacia económica dos EUA em África.