Pelo menos 20 civis foram mortos no último sábado (31 de maio) após um bombardeamento aéreo mal-sucedido realizado pelas forças armadas da Nigéria no estado de Zamfara, noroeste do país. As vítimas faziam parte de um grupo de autodefesa local que tentava enfrentar gangues armadas que atuam na região.
Segundo relatos de moradores ao serviço noticioso da AFP, os civis estavam a perseguir criminosos que haviam atacado as aldeias de Mani e Wabi, no distrito de Maru, quando foram confundidos com os próprios bandidos por um avião militar que havia sido mobilizado após o alerta da população.
“O bombardeamento aéreo ceifou a vida de 20 pessoas”, afirmou Ishiye Kabiru, morador local. “Membros dos nossos grupos de autodefesa da cidade de Maraya e das aldeias vizinhas tinham-se reunido para perseguir os bandidos, mas, infelizmente, uma aeronave militar atacou-os, pensando que se tratava dos próprios bandidos.”
O incidente junta-se a uma série de operações militares mal conduzidas na luta contra a violência armada que tem assolado o norte e noroeste da Nigéria, onde gangues conhecidas localmente como bandits atacam aldeias, raptam civis e saqueiam propriedades. As forças armadas, muitas vezes criticadas por erros operacionais e uso excessivo da força, ainda não se pronunciaram oficialmente sobre o ocorrido.
Organizações de direitos humanos já expressaram preocupação com o número crescente de vítimas civis em operações militares e apelam ao governo nigeriano para rever os seus protocolos de identificação e de resposta a situações de conflito, especialmente em áreas habitadas por populações vulneráveis.
O estado de Zamfara é um dos mais afetados pela crise de segurança no país, com milhares de deslocados e dezenas de incidentes envolvendo confrontos entre bandidos armados, comunidades locais e forças de segurança.
