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Mais de 200 membros da FLEC-FAC abandonam luta armada e regressam a Angola

Cabinda, 19 de Maio de 2025 – Um total de 202 ex-integrantes da Frente de Libertação do Enclave de Cabinda – Forças Armadas de Cabinda (FLEC-FAC), incluindo quatro mulheres, regressou voluntariamente ao território nacional, pondo fim à sua ligação com o grupo armado separatista. Os dissidentes abandonaram as matas da República Democrática do Congo, onde se encontravam aquartelados na base denominada Boa Esperança.

Sem uniforme, mas ainda com armas em punho, os ex-combatentes entregaram-se às autoridades angolanas numa clara manifestação de cansaço e desilusão com a luta separatista que durante décadas alimentou tensões na província de Cabinda.

“Hoje não aguento mais. Já voltei para a minha terra, quero trabalhar e criar os meus filhos”, disse um dos retornados, visivelmente emocionado.

A maioria dos ex-militares tem entre 17 e 38 anos e afirma ter sido manipulada com promessas de libertação de Cabinda que nunca se concretizaram. De acordo com os próprios, os líderes da FLEC propagaram mentiras e mantinham os combatentes em condições precárias, sem apoio logístico ou alimentar digno.

“Nos enganavam dizendo que íamos libertar Cabinda. Os homens que nos mandavam mentiam muito”, afirmou outro dissidente.

Os ex-combatentes regressaram munidos de armamento diverso, incluindo granadas, lança-bazucas e armas automáticas, muitas delas em mau estado de conservação. O gesto foi interpretado como um sinal de rendição genuína e vontade de reintegração social.

A deserção em massa surge na sequência do afastamento de alguns dos principais chefes militares do movimento, o que enfraqueceu ainda mais a coesão interna da FLEC-FAC. Cornélio Sumbo, um dos líderes operacionais nas matas do Maiombe, disse que os combatentes recebiam quantias insignificantes – entre 100 a 150 dólares – para se manterem em campo, sem qualquer assistência médica ou apoio alimentar.

“Já vimos muitos morrerem sem socorro. Isso fez-me pensar. Por isso abandonei a FLEC e voltei ao meu país”, afirmou Sumbo.

As autoridades angolanas elogiaram o gesto e garantiram apoio aos regressados no processo de reintegração social, reafirmando o compromisso com a reconciliação nacional e a paz duradoura em Cabinda.

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