O chefe do Exército do Sudão e líder de facto, Abdel Fattah al-Burhan, em guerra com as Forças de Apoio Rápido (FAR) paramilitares, disse, neste sábado (24), que não participaria de negociações de paz em Genebra e prometeu lutar “por 100 anos”.
O Sudão está atolado numa sangrenta guerra civil desde 15 de abril de 2023, um conflito que já deixou dezenas de milhares de mortos e mais de 10 milhões de deslocados, de acordo com a ONU.
A guerra coloca o Exército regular, liderado pelo general Abdel Fattah al Burhan, contra as Forças de Apoio Rápido (FAR) paramilitares do seu ex-vice, o general Mohamed Hamdan Daglo. Ambos os lados foram acusados de crimes de guerra, incluindo bombardeamentos indiscriminados em áreas povoadas.
Os EUA iniciaram negociações na Suíça em 14 de agosto para aumentar o acesso humanitário e estabelecer um cessar-fogo no país.
“Não iremos a Genebra […], lutaremos por 100 anos”, disse o general Al Burhan a repórteres de Porto Sudão.
O Exército sudanês criticou o formato das negociações, das quais as FAR participaram. Mas o enviado especial dos EUA para o Sudão, Tom Perriello, disse que os mediadores estavam em contato com o Exército por telefone.
As negociações terminaram na sexta-feira sem um acordo de cessar-fogo, mas com o compromisso dos beligerantes de garantir o acesso seguro e desimpedido da ajuda humanitária por duas rotas principais.
As negociações, organizadas conjuntamente pela Arábia Saudita e pela Suíça, contaram com a participação da União Africana (UA), do Egito, dos Emirados Árabes Unidos e da ONU como observadores.
A ausência do Exército no diálogo “limitou nossa capacidade de fazer progressos mais substanciais” em direção a um cessar-fogo, disseram os mediadores, acrescentando que eles deixam a porta aberta para ambos os lados em futuras rodadas de negociações.
Fonte: AFP