O Níger anunciou hoje o corte das relações diplomáticas com a Ucrânia “com efeito imediato”, dois dias depois do Mali, que acusou Kiev de apoiar “grupos terroristas” após uma pesada derrota do Exército maliano no final de julho.
“O governo da República do Níger, em total solidariedade com o governo e o povo do Mali, decide em plena soberania romper as relações diplomáticas com a Ucrânia com efeitos imediatos”, destacou o porta-voz do Níger, o coronel-major Amadou Abdramane, num comunicado de imprensa lido na televisão pública.
No final de julho, separatistas e jihadistas alegaram ter morto dezenas de membros do grupo paramilitar russo Wagner e soldados malianos durante os combates em Tinzaouatène, na fronteira com a Argélia, no extremo nordeste do país.
O Exército do Mali e o grupo Wagner reconheceram perdas significativas, sem dar uma avaliação precisa.
Esta derrota é a mais pesada sofrida numa batalha do grupo Wagner em África, de acordo com analistas citados pela agência France-Presse (AFP).
Um oficial dos serviços de informação militar ucranianos, Andrii Yussov, deu a entender que Kiev tinha fornecido informações aos rebeldes para que estes pudessem realizar o ataque.
“O governo da República do Níger tomou conhecimento, com grande espanto e profunda indignação, das observações subversivas e inaceitáveis de Andrii Yussov, porta-voz da agência de inteligência militar ucraniana”, salientou Abdramane durante a comunicação.
O porta-voz referiu também as declarações “ainda mais indecentes do embaixador ucraniano no Senegal, Yuri Pyvovarov, prestando apoio inequívoco à coligação de grupos terroristas responsáveis pelo ataque cobarde e bárbaro perpetrado em Tinzaouatène contra as forças armadas do Mali”.
Na sequência das declarações de Yussov, o Mali tinha anunciado no domingo o corte das suas relações com a Ucrânia, também com “efeito imediato”.
O Mali, tal como o Níger, liderados, respetivamente, pelo coronel Assimi Goïta e pelo general Abdourahamane Tiani, aproximaram-se da Rússia após a chegada ao poder de regimes militares hostis aos países ocidentais e acolheram instrutores russos.
A Ucrânia, por sua vez, rejeitou na segunda-feira acusações feitas pelo Mali e lamentou uma rutura considerada precipitada.
Lusa