O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmou no domingo, 30 de Novembro, ter falado por telefone com o líder venezuelano Nicolás Maduro, numa altura em que a tensão entre Washington e Caracas volta a subir. A revelação surge após uma investigação do The New York Times, que divulgou, na sexta-feira, que os dois líderes tinham mantido contactos directos.

Questionado por jornalistas a bordo do Air Force One, Trump foi lacónico: “Não quero comentar sobre isso. A resposta é sim.” O presidente norte-americano não revelou o conteúdo da conversa, mas fontes citadas pela imprensa norte-americana afirmam que Washington e Caracas terão discutido a possibilidade de Maduro visitar os EUA — uma hipótese que o regime venezuelano nega.
A confirmar-se, o encontro seria politicamente explosivo: Maduro continua a ser procurado por agências federais norte-americanas que o acusam de liderar uma rede de narcotráfico, acusações que o chefe de Estado venezuelano rejeita.
Caracas denuncia “agressão” dos EUA
No mesmo dia, a Venezuela apelou formalmente à Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) para travar o que considera ser “uma agressão crescente” dos EUA no Caribe. O pedido aparece numa carta de Maduro, lida pela vice-presidente Delcy Rodríguez durante uma reunião ministerial virtual da OPEP.
Caracas acusa Washington de utilizar uma operação militar antidroga — em curso desde Agosto — como pretexto para desestabilizar o regime e controlar as vastas reservas de petróleo venezuelano. A mobilização militar inclui navios, caças, milhares de soldados e um porta-aviões.
Maduro alerta que qualquer acção militar norte-americana coloca em risco “a estabilidade da produção petrolífera venezuelana e o equilíbrio do mercado energético global”.
Pressão aérea e isolamento
Trump voltou a declarar que o espaço aéreo venezuelano deve ser considerado “totalmente fechado”. Após um alerta emitido por Washington, seis companhias aéreas internacionais suspenderam voos de e para a Venezuela. Também a operadora turística russa Pegas Touristik interrompeu viagens, afectando um fluxo turístico que vinha crescendo desde 2021.
Como resposta, o Instituto Nacional de Aeronáutica Civil venezuelano revogou as licenças de várias companhias estrangeiras, incluindo Iberia, TAP, Avianca, GOL e Turkish Airlines, acusando-as de aderir a “acções de terrorismo de Estado” promovidas pelos EUA.
EUA descartam ataque militar directo
Apesar da retórica agressiva, senadores republicanos afirmam que não existe um plano de invasão da Venezuela. Markwayne Mullin indicou à CNN que os EUA oferecem a Maduro a possibilidade de exílio seguro, enquanto Lindsey Graham classificou o líder venezuelano como “ilegítimo” e sugeriu que poderá ser forçado a abandonar o poder.
O regime venezuelano, por seu lado, anunciou a criação de uma comissão parlamentar para investigar alegados ataques mortais ordenados pelos EUA contra embarcações venezuelanas, denúncias reportadas pelo The Washington Post.

