Terça-feira, 18 de Novembro, 2025

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Governo dos EUA diz que circuncisão causa autismo mas especialistas negam teoria

O Presidente e o ministro da Saúde dos Estados Unidos (EUA) dizem que a cirurgia precoce de circuncisão e o uso de paracetamol podem causar autismo, mas os especialistas rejeitam as hipóteses, noticiou a Agence France-Presse (AFP).

Governo dos EUA diz que circuncisão causa autismo mas especialistas negam teoria

“Dois estudos mostram que as crianças circuncidadas precocemente têm duas vezes mais probabilidades de serem autistas”, proclamou o ministro da Saúde, Robert Kennedy Jr, durante uma reunião de gabinete na Casa Branca.

A circuncisão é um procedimento cirúrgico que consiste na remoção do prepúcio (a pele retrátil do pénis que cobre a glande).

O ministro da Saúde disse também que o autismo é causado pelo uso de paracetamol, um medicamento para tratar a febre e a dor leve e moderada.

A especialista em autismo e professora da Universidade de Boston, nos EUA, Helen Tager-Flusberg disse que as declarações não fazem sentido.

 “Nada disto faz sentido”, disse à AFP Helen Tager-Flusberg.

A professora indicou que nenhum estudo científico sólido sugere que circuncidar uma criança ou tomar paracetamol promove o desenvolvimento de uma perturbação autista.

O presidente dos EUA, Donald Trump, disse hoje que os norte-americanos não deviam dar o medicamento a crianças ou a mulheres grávidas e que devem contrariar os conselhos dos médicos.

Em setembro, Trump já tinha associado o uso de paracetamol durante a gravidez ao desenvolvimento de autismo, contrariando o consenso científico, segundo a AFP.

Os estudos sugeriram uma ligação entre a Perturbação do Espectro do Autismo (PEA) e o medicamento, mas a conexão não foi cientificamente comprovada.

De acordo com a AFP, uma análise mais recente rejeitou a possibilidade.

“Fazem alegações sobre o papel do paracetamol que simplesmente não são apoiadas por nenhum estudo científico”, lamentou Tager-Flusberg.

Em relação ao papel da circuncisão no desenvolvimento da PEA, as declarações dos políticos têm como base um estudo “repleto de erros” publicado em 2015, de acordo com o professor de psiquiatria da Universidade da Pensilvânia, David Mandell.

“Uma revisão mais recente dos estudos nesta área não encontra ligação entre a circuncisão e efeitos psicológicos adversos”, declarou Mandell à AFP.

Desde 2024, Trump tem atacado abertamente as autoridades médicas e científicas e feito inúmeras “alegações infundadas sobre o autismo e as vacinas”, segundo a AFP.

De acordo coma mesma fonte, Robert Kennedy Jr., conhecido pela sua postura antivacinas, tem espalhado também informação falsa sobre o assunto.

Lusa

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