O Hamas afirmou hoje que o acordo com Israel para a Faixa de Gaza implica “o fim da guerra” e garantiu que os mediadores deram “garantias” de que o exército israelita não violará o entendimento nem relançará a ofensiva.

Mohamad Hamdan, dirigente do braço político do Hamas, declarou ao canal de televisão qatari al-Araby que o acordo alcançado pelas partes “representa o fim definitivo da guerra em Gaza” e acrescentou que “o mundo deve supervisionar o comportamento de Israel na aplicação do acordo”.
Segundo Hamdan, o processo de libertação de reféns só terá início após um anúncio formal sobre o cessar-fogo e deverá entrar em vigor assim que o Governo de Israel aprovar o pacto.
Está prevista para hoje uma reunião do executivo israelita para esse efeito, embora ainda não tenha sido fixada uma hora.
O dirigente do movimento de resistência islâmica pormenorizou que o exército israelita deverá retirar-se nas próximas horas das principais cidades da Faixa de Gaza, incluindo a cidade de Gaza, Rafah e Khan Yunis, sublinhando que “a primeira fase responderá à exigência mais importante do povo palestiniano, que é pôr fim à agressão”.
Hamdan revelou que o acordo prevê a abertura de cinco passagens fronteiriças para a entrada de ajuda humanitária, com uma média de 600 camiões por dia.
O processo será coordenado por organismos internacionais, sem a participação da Fundação Humanitária para Gaza (GHF), apoiada por Israel e pelos Estados Unidos.
O responsável insistiu que a situação em Gaza deverá ser “gerida por figuras nacionais palestinianas, sem interferência israelita”, adiantando que o Hamas e outras fações apresentaram uma lista com 40 nomes.
“A governação de Gaza é uma questão nacional e não permitiremos ingerências externas”, frisou.
As declarações de Hamdan, que reside no Qatar e não integrou a delegação negocial do Hamas nos contactos indiretos realizados nos últimos dias no Egito, são as primeiras de um membro do movimento desde o anúncio do acordo entre Israel e o grupo, na sequência da proposta apresentada na semana passada pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para a Faixa de Gaza.
Trump revelou na rede Truth Social que as partes aceitaram a sua proposta após negociações indiretas nos últimos dias no Egito.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, descreveu o entendimento como “um grande dia para Israel” e anunciou que o seu Governo se reunirá hoje para assinar o acordo.
Por sua vez, o Hamas confirmou “um acordo para pôr fim à guerra em Gaza, retirar a ocupação, permitir a entrada de ajuda humanitária e realizar uma troca de prisioneiros”.
A ofensiva israelita contra a Faixa de Gaza, lançada após os ataques de 07 de outubro de 2023, provocou até agora cerca de 67.200 mortos palestinianos, entre eles 460 pessoas, incluindo 154 crianças, por fome e desnutrição, segundo as autoridades do enclave, controladas pelo Hamas.
As ações do exército israelita têm sido alvo de críticas internacionais, sobretudo devido ao bloqueio à entrada de ajuda humanitária, que levou à declaração de situação de fome no norte de Gaza.
Lusa