O último navio da flotilha ‘Global Sumud’, que ainda viajava para Gaza — o ‘Marinette’ —, foi intercetado hoje de manhã em águas internacionais, anunciaram os organizadores da iniciativa, que publicaram um vídeo da interceção.

Desde a noite de quarta-feira, Israel intercetou os mais de 40 navios da flotilha e deteve um total de 473 pessoas, que foram hoje transferidas para a prisão de Saharonim, no deserto de Negev, sul de Israel.
O vídeo divulgado em direto e interrompido logo a seguir à interceção mostrou um grupo de soldados israelitas armados a abordar o ‘Marinette’, que estava atrasado em relação aos restantes navios da flotilha por ter sofrido problemas técnicos durante a viagem.
Entretanto, uma outra embarcação não identificada, que fazia parte da ‘Global Sumud’, chegou ao porto de Chipre, segundo as autoridades cipriotas, que afirmaram que a tripulação solicitou a atracagem em Larnaca “alegando a necessidade de reabastecimento e razões humanitárias”.
As autoridades israelitas avançaram hoje que os mais de 470 ativistas a bordo dos barcos anteriormente intercetados já passaram por um “processo de inspeção”, depois de terem sido transferidos para a cidade portuária de Ashdod, em preparação para a sua futura deportação.
A flotilha, que juntou políticos e ativistas de vários países — incluindo quatro portugueses -, partiu de Espanha em setembro com o objetivo de quebrar o bloqueio israelita à Faixa de Gaza, assumindo-se como uma “missão de ajuda humanitária pacífica e não violenta”.
Alguns dos participantes decidiram protestar contra “a detenção ilegal”, tendo 11 dos ativistas gregos iniciado hoje uma greve de fome, segundo os organizadores.
Israel anunciou na quinta-feira de manhã que os passageiros, todos “sãos e salvos”, seriam deportados para a Europa.
“Felicito os soldados e comandantes navais que realizaram a sua missão durante o [feriado do] Yom Kippur da forma mais profissional e eficiente”, disse o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, em comunicado.
As autoridades israelitas adiantaram hoje que quatro deputados e eurodeputados italianos que seguiam a bordo da ‘Global Sumud’ já se encontram no aeroporto de Telavive para embarcar num voo com destino a Roma.
Por sua vez, a embaixada de Itália indicou ter deslocado uma equipa ao porto de Ashdod para realizar uma visita consular aos detidos e solicitar a libertação imediata dos restantes italianos detidos, que são mais de 40, segundo a agência de notícias AdnKronos.
A interceção da flotilha provocou duras reações de alguns países, entre os quais a Turquia, que acusou Israel de cometer “um ato de terrorismo” e a Colômbia, cujo Presidente anunciou a expulsão da delegação diplomática israelita do seu país.
Milhares de pessoas marcharam na quinta-feira em vários países europeus e no México para protestar contra a interceção da flotilha e manifestar apoio ao povo palestiniano.
Em França, Itália, Irlanda e Suíça, os manifestantes que agitavam bandeiras palestinianas gritaram “Palestina Livre” e exigiram o fim daquilo a que chamaram “genocídio contra os palestinianos” em Gaza.
O grupo islamista Hamas, cujo ataque sem precedentes a Israel, a 07 de outubro de 2023, desencadeou uma guerra na Faixa de Gaza, classificou a interceção como um “crime de pirataria”.
Lusa