Angola dispõe atualmente de apenas 14 a 15 cirurgiões pediátricos formados, um número considerado insuficiente face à dimensão populacional jovem do país. A informação foi avançada pelo médico Luciano Chinganda, cirurgião pediatra do Hospital Pediátrico David Bernardino, em entrevista à Televisão Pública de Angola (TPA).
De acordo com o especialista, encontram-se ainda em formação 16 a 17 internos, mas o número continua muito abaixo das necessidades. “Estamos ainda numa gota de água no oceano, se tivermos em conta que a cirurgia pediátrica cobre desde o nascimento até ao fim da adolescência”, sublinhou.
Com mais de 25 anos de carreira e cerca de 5 mil cirurgias realizadas, Chinganda foi recentemente responsável pela separação com sucesso de gémeas siamesas unidas pelo abdómen, oriundas do Moxico, naquela que foi a sétima intervenção do género realizada no país.
O médico destacou que as principais causas de cirurgia pediátrica em Angola continuam a ser as más-formações congénitas em recém-nascidos e as doenças infecciosas, além das hérnias, que figuram entre os casos mais recorrentes.
Apesar de reconhecer os avanços na construção e modernização de infraestruturas hospitalares, o cirurgião alerta que sem melhorias no saneamento básico, muitas crianças continuarão a chegar aos hospitais em estado crítico. “Podemos ter as melhores infraestruturas, mas se a criança surgir com uma complicação extrema dificilmente sobreviverá. O saneamento é essencial para salvar vidas”, defendeu.
